O que são riscos psicossociais e como evitá-los?

Saúde Mental no Trabalho: Identificando e Prevenindo Riscos Psicossociais

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Existem diversos tipos de riscos ocupacionais e a prioridade dos profissionais de SST é mitigar ao máximo esses riscos. Dentre estes riscos, temos os mais conhecidos, como os químicos, biológicos, ergonômicos, etc., e atualmente os riscos psicossociais vem ganhando cada vez mais espaço no debate sobre a saúde ocupacional.

Problemas como o estresse e a ansiedade já afetam milhares de pessoas pelo Brasil. Um estudo realizado em 2024 por exemplo, identificou que mais de 60% dos brasileiros têm um nível alto de ansiedade, e infelizmente um dos motivos por trás destes problemas psicológicos, é o trabalho.

Os riscos psicossociais são também associados a diferentes fatores como, por exemplo, o uso das novas tecnologias e novos processos de produção, a carga de trabalho mais elevada, a economia informal, a uberização do trabalho, entre outros. Neste caso, o reconhecimento e a investigação científica destes fatores no ambiente de trabalho permitem a construção de planos preventivos mais efetivos.

Os efeitos dos riscos psicossociais na saúde dos trabalhadores e, consequentemente, nas rotinas das empresas demandam alterações na área de SST e para iniciar essa discussão preparamos este artigo que descreve os riscos psicossociais e destaca as medidas para evitá-los no ambiente de trabalho, confira a seguir.

O que são os riscos psicossociais?

São os riscos que afetam a saúde mental de um trabalhador, podendo ser originados por fatores organizacionais, comportamentais e até mesmo decorrentes das condições físicas do ambiente de trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera que os riscos psicossociais são provenientes de:

  • Problemas na organização do trabalho: carga de trabalho exagerada, falta de autonomia, cobrança excessiva, trabalho precário, insegurança no emprego, entre outros;
  • Fatores psicodinâmicos: conflitos com colegas de trabalho, assédio moral e o assédio sexual, a discriminação, falta de reconhecimento, entre outros;
  • Condições ambientais inadequadas: ruído excessivo, iluminação inadequada, problemas na ergonomia, calor extremo, entre outros.
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As principais consequências desses riscos

Doenças psicossociais

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Os riscos psicossociais, se não identificados e tratados, podem acarretar diversos tipos de problemas e os mais evidenciados entre os trabalhadores são:

  • Síndrome de Burnout: Um distúrbio causado pelo esgotamento físico e mental. Os principais sintomas são agressividade, baixa autoestima, isolamento, déficit de memória e desatenção;
  • Estresse: o estresse crônico pode levar a diversos problemas de saúde, como doenças cardíacas, pressão alta, ansiedade, depressão e insônia.
  • Depressão: Doença que leva a transtornos de humor e prazer, à perda de interesse pelas atividades profissionais e pessoais, desesperança, tristeza e desmotivação;
  • Síndrome do pânico: É um transtorno de ansiedade que causa medo, fraqueza, aumento da frequência cardíaca, sudorese, dor e falta de ar;
  • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT): Pode ocorrer após um incidente pessoal ou com um colega de trabalho. A pessoa perde todo o interesse pelas atividades;
  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Desencadeada devido à preocupação excessiva, mesmo na ausência de qualquer risco aparente. Isso pode causar fadiga, irritabilidade e dificuldade de concentração.

Problemas no trabalho

Além das doenças psicológicas acarretadas por estes riscos, alguns problemas no trabalho podem ocorrer, sendo eles:

  • Aumento de absenteísmo: Que é simplesmente a falta do trabalhador, quanto mais abalado psicologicamente está o trabalhador, maior a probabilidade de que ele falte ao serviço, o que acaba sobrecarregando outros funcionários, piorando ainda mais o clima organizacional;
  • Aumento do presenteísmo: Situação em que o trabalhador “está mas não está” presente no trabalho, estando ali fisicamente mas sem atenção e preocupado com outras coisas. Situação esta que pode prejudicar a produtividade ou colocar o trabalhador em risco em momentos em que ele desempenha tarefas perigosas desatentamente;
  • Acidentes de trabalho: Como citado no item acima, um trabalhador exposto a riscos psicossociais, pode desempenhar sua função sem nenhuma atenção e acabar sofrendo um acidente ou envolvendo outros em um acidente, além da falta de atenção outros fatores desencadeados por doenças psicossociais que podem acabar em acidente são o cansaço, mudanças de humor, etc.
  • Doenças psicofisiológicas: Algumas doenças fisiológicas podem surgir ou serem agravadas por fatores psicológicos, por exemplo: hipertensão, psoríase, úlceras, doença de Crohn, etc.

Além de todos estes problemas citados acima, é muito comum a reação em cadeia tendo como ponto de partida os riscos psicossociais no trabalho, por exemplo: Um trabalhador exposto a uma jornada de trabalho inadequada, a cobranças excessivas e à metas irreais, pode desenvolver estresse crônico, que pode levar a um quadro de hipertensão, que por fim pode terminar em um enfarte.

Como evitar os riscos psicossociais?

A principal medida preventiva é construir um ambiente de trabalho que contribua para a qualidade de vida, reduza o estresse e esteja preparado para identificar e eliminar riscos psicossociais.

É fundamental que os profisionais da SST estejam em acordo com os responsáveis pelos recursos humanos, uma vez que este deve criar um plano que inclua assistência aos colaboradores que apresentam problemas psicossociais.

Para que estes riscos sejam evitados, algumas medidas devem ser tomadas, como:

  • Tratar o bem-estar no trabalho como prioridade;
  • Adotar medidas para o controle de estresse do trabalho;
  • Incentivar os cuidados com a saúde mental, trazendo palestras sobre o assunto, informando o máximo e se possível programas de apoio e acompanhamento psicológico;
  • Avaliar o ambiente, identificar fontes geradoras de ruídos, problemas de ventilação e de iluminação, etc. e reduzir seus impactos;
  • Investimento em planos de saúde;
  • Fornecimento de material de trabalho seguro e adequado;
  • Realização de feedbacks;
  • Fornecimento de um ambiente de trabalho confortável e ergonomicamente adequado;
  • Medidas preventivas para os trabalhadores terceirizados e trabalhadores temporários;
  • Incentivo de interação entre os trabalhadores, com dinâmicas em grupo, trabalho em equipe, realização de confraternizações e medidas para que se mantenha um clima amigável e não de competição.
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