A segurança do trabalho na construção civil depende de diversas ações preventivas para que seja realmente efetiva. Dentre as diversas ações, há uma que deve se destacar que é o uso dos EPI’s ou Equipamentos de Proteção Individual.
Lembre-se que o EPI na Construção Civil deve ser adotado sempre que outras ações preventivas não eliminem ou reduzam a exposição aos riscos nos Canteiros de Obras. Além disso, é uma ação que deve ser acompanhada por medidas administrativas como, por exemplo, campanhas de uso do EPI, SIPAT, treinamentos, DDS etc.
O Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho (SmartLab) destaca as estatísticas das partes do corpo mais frequentemente atingidas segundo as notificações de acidentes de trabalho (CAT) no período de 2012 a 2018.
E, entre as atividades industriais mais críticas estão a construção de edíficios, embarcações e estruturas flutuantes, embarcações para esporte e lazer, obras-de-artes especiais, redes de abastecimentos de água, esgotos, redes de transportes, rodovias e ferrovias, que representam em média 4% de todos os registros de acidentes de trabalho com partes de corpo atingidas.
Ao considerar as 7 atividades industriais relacionadas com a Construção Civil identifica-se que as 5 partes do corpo mais atingidas são o dedo com 22%, seguido do pé que registrou 10%, a mão com 7%, o joelho com 5% e a perna com 4%, totalizando 52% de frequência acumulada. São partes do corpo que estão expostas a fraturas, lesões, cortes, dorsalgia, luxações, esmagamentos, entre outras doenças ocupacionais.
Observa-se que todas as partes do corpo são vulneráveis, permanecem expostas e utilizadas para executar as atividades industriais nos Canteiros de Obra.
Neste caso, é necessário fornecer os EPI’s, treinar o uso do EPI e analisar os acidentes de trabalho com o objetivo de reduzir as causas, visto que, os acidentes de trabalhos podem ser reduzidos com o uso correto dos EPI’s e um efetivo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
Levando em conta que a falta do uso ou o uso incorreto do EPI é um dos principais motivos de acidentes de trabalho, a atenção sobre isso deve ser redobrada e saber da importância deles é essencial.
Os Riscos da Construção Civil
Sendo um dos setores que mais registram acidentes de trabalho por ano no Brasil, a construção civil deixa os trabalhadores expostos a diversas situações inseguras.
Como os canteiros de obras são ambientes de trabalho que estão em constante mudança, devido as diversas etapas das obras, os riscos são dos mais variados tipos.
O Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho para as 7 principais atividades da Construção Civil destaca que os principais agentes causadores de acidentes de trabalho são o agente químico com 23% de registro no período de 2012 a 2018, seguido pelas máquinas e equipamentos com 14%, queda de altura com 14%, veículos de transportes com 11%, ferramentas manuais com 10% e queda do mesmo nível com 10%, totalizando 82% dos eventos.
Os riscos de acidentes de trabalho no Canteiro de Obras também podem ser apresentados de outras formas também consideradas comuns e frequentes nas atividades que os profissionais (Servente de Obras, Pedreiro, Carpinteiro, Encanador, Eletricista, Soldador, Armador, Montador de Andaime) da Construção Civil executam como, por exemplo:
- Queda de materiais, podendo causar fraturas, cortes e esmagamentos;
- Choques elétricos ao manusear instalações elétricas;
- Equipamentos e máquinas sem a devida proteção;
- Cortes e perfurações nos pés e nas mãos por não usar o EPI adequado;
- Problemas auditivos devido a exposição a ruídos;
- Problemas respiratórios devido à inalação de produtos químicos advindos do cimento e da tintura, e à inalação de poeiras advindas de corte de madeira e cerâmica;
- Problemas de pele e de visão devido a exposição ao sol;
- Exposição a animais peçonhentos.
EPI na Construção Civil
O uso de EPI na construção civil é regra e é indispensável, porém como a NR 06 destaca, a adoção de Equipamentos de Proteção Individual só se vê necessária quando:
- As medidas de ordem geral não oferecem proteção o suficiente;
- As medidas de proteções coletivas estiverem sendo implantadas;
- Houver situação de emergência.
Em primeiro lugar, sempre priorize a adoção de EPC’s. E adote os EPI’s quando a proteção coletiva não seja suficiente ou inviável por motivos como:
- O local da obra não comportar o EPC;
- Será inviabilizada em pouco tempo pelo fato de se encontrar em um ambiente de trabalho que muda constantemente.
Lembre-se que o ideal é sempre utilizar os EPI’s e EPC’s em conjunto para garantir de fato a segurança do trabalhador, por este motivo destaca-se a importância do uso do EPI neste setor, lembrando que o fornecimento dos equipamentos é de responsabilidade do empregador.
Entre os EPI’s utilizados na construção civil, destacam-se:
- Capacete de segurança: Para proteger contra a queda de materiais e queda de pequenas alturas;
- Protetor auditivo do tipo concha: Para proteger contra ruídos, normalmente utilizado por operadores de máquinas e serras. Mais recomendável do que o do tipo plug na construção civil devido a facilidade de higienização;
- Balaclava: Utilizada principalmente para proteção do pescoço contra o sol, agentes químicos e escoriantes;
- Máscaras para poeira e para produtos químicos: Para proteção das vias aéreas, impedindo que o trabalhador inale poeira do corte de madeira e cerâmica ou produtos químicos;
- Óculos e viseira de proteção: Para proteção dos olhos contra partículas que possam atingi-los;
- Luva para proteção contra agente mecânicos: Para proteção das mão em trabalhos em que haja risco de corte ou lesão;
- Botas de segurança: Para proteção dos pés contra perfurações, cortes ou para evitar que o trabalhador escorregue;
- Cinturão de segurança com talabarte e trava-quedas: Utilizado para trabalhos em altura para evitar quedas.
Além dos EPI’s é obrigação do empregador também fornecer protetor solar aos trabalhadores, para o cumprimento correto da NR 21, que trata sobre trabalhos a céu aberto, uma das mais importantes normas dentro da indústria da construção.
Outras ações de segurança em Canteiros de Obras
Como o controle dos riscos deve ser aplicado em todas as esferas, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual não é a única medida de proteção a ser adotada, principalmente nos canteiros de obras.
Existem diversas outras medidas de proteção a serem adotadas em obras. O Radar da Inspeção do Trabalho demonstra que em 2019 as 15 irregularidades mais identificadas durante as fiscalizações são relacionadas com ações de proteção coletiva que deixaram de ser instaladas nos canteiros de obras do Brasil.
Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC)
Como já citado os EPC’s são essenciais para a segurança dos trabalhadores, sendo comumente usados em obras para evitar quedas, com guarda corpos nas beiradas de andares elevados e buracos, e para proteção das máquinas.
Os EPC’s são adotados de 3 formas nas obras, duas já citadas, em relação à própria obra e em relação às máquinas e equipamentos, e a terceira, que seria a adoção em casos específicos, como adotar sistemas de comunicação.
Os Equipamentos de Proteção Coletiva mais utilizados em obras são:
- Guarda corpos e corrimãos;
- Cavaletes;
- Fitas e corrente de segurança;
- Cones;
- Placas;
- Sinalizações luminosas
Sinalização de Segurança
As sinalizações de segurança também são importantes dentro dos ambientes de construções, sendo divididas entre as que indicam:
- Avisos: As que indicam alta tensão e risco de choque, por exemplo;
- Emergência: As que indicam a saída de emergência, por exemplo;
- Obrigações: As que indicam o uso obrigatório de EPI, por exemplo.
Proteção Contra Incêndios
A instalação de alarmes e extintores é indispensável em obras, devido ao risco de incêndio que obras possuem, por constante utilização de instalações elétricas e presença de materiais inflamáveis no ambiente.
Os produtos inflamáveis e combustíveis devem ficar sempre afastados de onde ocorrem as soldas e os cortes à altas temperaturas.
A importância do EPI na Construção
O fato do EPI ser importante em qualquer ambiente de trabalho é indiscutível, no entanto em um ambiente de trabalho como os presentes na indústria da Construção Civil, o uso destes equipamentos se torna ainda mais necessário.
Todos os anos, milhares de trabalhadores deste setor sofrem acidentes, muitas vezes fatais ou incapacitantes, acidentes estes que poderiam ser facilmente evitados pelo uso adequado de EPI’s.
Além disso, podemos utilizar como referência as 15 irregularidades mais identificadas pelo Radar de Inspeções nos Canteiros de Obras para de fato começar resolvendo e implementando as exigências mínimas estabelecidas pela NR 18.
Um bom exemplo disto são as quedas de altura, um dos acidentes que mais ocorrem todos os anos e tem como sua principal causa a falta de EPI, o simples uso de cinturões anti-queda poderia evitar inúmeros destes acidentes de trabalho registrados.
Os EPI’s salvam vidas, a construção civil é um setor crítico no quesito SST e requer extrema atenção e cuidados, o uso de EPI é obrigatório e não deve em hipótese alguma ser deixado de lado.
A tecnologia mobile, como, por exemplo o Sistema OnSafety, também pode ser utilizada a seu favor para melhorar a Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho no Canteiro de Obras. A automatização do processo aumenta a velocidade da tomada de decisão e torna mais efetiva a implantação de ações preventivas.