O diálogo entre os colaboradores é um fator muito importante para o bem-estar no ambiente de trabalho, ainda mais pelo fato do diálogo sendo sobre assuntos relacionados aos fatores (segurança, saúde, tecnologia, produção, etc.) e/ou valores (ética, confiança, cidadania, colaboração, pró-atividade, liderança etc.) que promovem um clima organizacional. E, quando se fala em cultura de segurança do trabalho o diálogo no dia a dia é uma atividade-chave que promove a integração, conscientização, comunicação, transparência e fortalece os valores da empresa.
Uma das principais práticas que podemos utilizar no ambiente de trabalho é o Diálogo Diário de Segurança também conhecido como DDS. É uma atividade que tem como objetivo a partir da troca de informações, experiências e conhecimento promover uma mudança cultural no ambiente de trabalho e valorizar a “voz do trabalhador” visto que é um canal de comunicação direto que pode ser estabelecido com a gestão ou encarregados do setor.
Para alcançar bons resultados com o DDS é necessário manter um planejamento sobre os temas para o DDS. O desafio é sempre dialogar sobre temas relacionados com a Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e como se trata de um procedimento que acontece todos os dias não é tão fácil definir sobre o que será dialogado com o colaborador.
Para ajudar os profissionais que atuam na área de SST nesse trabalho de aplicar DDS e pensando sobre quais temas podem ser abordados, trouxemos nesse post dicas para temas de DDS que você pode usar para ter aquela conversa sobre Segurança e Saúde do Trabalho diariamente com seus colaboradores.
O que é o DDS?
O Diálogo Diário de Segurança (DDS) é um diálogo curto (entre 10 e 15 min.) e que deve acontecer todos os dias com os trabalhadores no início das atividades industriais, quando acontece um acidente de trabalho ou algum incidente ou é registrada uma situação insegura do trabalhador. Neste, diálogo serão abordados principalmente assuntos relacionados à Saúde e Segurança no Trabalho com o objetivo de conscientizar os trabalhadores.
Além de conversar sobre os riscos ocupacionais que o ambiente de trabalho oferece para o trabalhador é possível tratar sobre como evita-los ou adotar medidas preventivas e dar dicas sobre o uso de EPI’s. Outros assuntos como cuidados com a saúde, a organização e limpeza do ambiente de trabalho, rotinas de trabalho e com o meio ambiente também podem e devem ser abordados.
Para obter os melhores resultados é necessário preparar os temas antecipadamente, treinar os líderes, controlar a frequência ou participação e adotar um diálogo que envolva todos que estão presentes, lembre-se, é um diálogo, não uma apresentação ou palestra. E, para que não se torne algo extenuante é importante que o evento seja curto e breve, geralmente é realizado no começo do dia e tem sua duração média entre 10 e 15 minutos.
A tecnologia também pode ser utilizada ao seu favor para planejar, organizar e controlar a participação dos seus colaboradores. Com um processo automatizado você pode estabelecer temas para diferentes equipes de colaboradores ou padronizar os temas para todas as equipes.
A organização do DDS vai depender do tamanho da empresa, das características do ambiente de trabalho, nível educacional dos colaboradores ou necessidades específicas que devem ser tratadas por uma equipe como, por exemplo, tratar sobre um tema relacionado com o elevado índice de rotatividade no local de trabalho.
Importância do DDS
No DDS podemos abordar temas e requisitos críticos descritos ou citados pelas Normas Regulamentadoras, isto é, as exigências citadas pelas NR’s podem ser conscientizadas e discutidas durante o DDS. A própria NR 1 orienta que:
“Cabe ao empregador informar aos trabalhadores:
- os riscos ocupacionais existentes nos locais de trabalho;
- as medidas de controle adotadas pela empresa para reduzir ou eliminar tais riscos;
- os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.”
Ou como, no quesito de EPI, a NR 06 que diz:
“Cabe ao empregador quanto ao EPI:
- orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação.”
A nova NR 09 também cita que a avaliação dos riscos ou as exposições ocupacionais demanda:
- 9.3.1 A identificação das exposições ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos deveráconsiderar:
- descrição das atividades;
- identificação do agente e formas de exposição;
- possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições identificadas;
- fatores determinantes da exposição;
- medidas de prevenção já existentes; e
- identificação dos grupos de trabalhadores expostos.
A implantação do DDS é um mecanismo que a organização pode adotar para “consultar os trabalhadores quanto à percepção dos riscos ocupacionais” (1.5.3.3 item a)) e “comunicar os trabalhadores sobre os riscos consolidados no inventário de riscos e as medidas de prevenção do plano de ação do PGR” (1.5.3.3 item b)), conforme proposto no processo de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
O DDS é uma prática que atende legalmente diversos requisitos normativos e pode ser aplicado de uma forma planejada no ambiente de trabalho. Além disso, pode se tornar um ótimo diferencial para uma empresa, verifica-se que os colaboradores sempre valorizam as empresas preocupadas com a saúde dos trabalhadores e clima organizacional!
A rotina de planejamento e aplicação do DDS é uma ótima oportunidade para envolver todos os colaboradores e quando é realizado periodicamente se torna efetivo o processo de mudança cultural sobre a SST. Com o diálogo a sua equipe de SST motivará um maior número de trabalhadores e conscientizará sobre a importância de adotar procedimentos ou práticas mais seguras durante a execução das atividades no ambiente de trabalho.
O DDS é um ótimo passo para um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, manter um canal de comunicação efetivo, esclarecer dúvidas, motivar e engajar os trabalhadores da melhor forma possível em um processo de GRO.
10 Temas para Aplicar no DDS
A nossa Equipe OnSafety destaca uma lista de 10 temas que podem ser aplicados no DDS. São temas considerados críticos e que comumente são notificados e relacionados ao trabalho. Isto é, causam doenças e agravos à saúde do trabalhador:
- Ergonomia: um ambiente de trabalho desorganizado, com problemas de iluminação, ventilação, sinalização, ruído, máquinas quebradas, com trabalhadores insatisfeitos e sem treinamento pode causar uma infinidade de doenças ocupacionais e/ou provocar acidentes de trabalho, influenciando diretamente a capacidade produtiva e a saúde do trabalhador, é por isso que a Ergonomia no trabalho é importante.
- EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual: o EPI é um equipamento usado para minimizar a exposição aos perigos que causam acidentes de trabalho e doenças no local de trabalho. Os acidentes de trabalho e as doenças podem resultar do contato com agentes químicos, biológicos, físicos, elétricos, mecânicos ou outros riscos no local de trabalho. Isto é, a segurança do trabalho também depende do uso correto do EPI.
- Primeiros Socorros: os primeiros socorros são as primeiras intervenções realizados após um trabalhador sofrer um acidente de trabalho, apresentar um mal súbito ou qualquer outro acidente até que o socorro especializado possa atender.
- Hábitos Saudáveis: todo trabalhador, em algum momento de seu trabalho, pode acabar passando por situações de grande pressão e cobranças e, comumente, são fatores do ambiente de trabalho que terminam gerando estresse e acabam prejudicando o bem-estar no trabalho e por consequência a saúde dos trabalhadores.
- Impactos do Ruído: a exposição exagerada dos trabalhadores, especificamente, ao ruído provocado por máquinas e equipamentos, ferramentas manuais, veículos de transportes, entre outros, causam lesões como estresse, fadiga, irritação, surdez, insônia, dor de cabeça etc., prejudicando a saúde e qualidade de vida do trabalhador.
- Organização e Higiene no Ambiente de Trabalho: Um ambiente de trabalho engloba os níveis de exposição aos riscos ambientais, relacionamentos das pessoas, procedimentos operacionais, cultura organizacional e fatores ambientais que influenciam as atividades dentro de um escritório, de uma fábrica, hospital, etc. É caracterizado pelo espaço da organização, onde ficam os trabalhadores, máquinas e equipamentos, os materiais que serão transformados, os estoques e outros componentes dos sistemas de produção. Portanto, é um espaço físico que precisa estar organizado e higienizado.
- Higiene Pessoal: a segurança do trabalho depende de diversos procedimentos que são implantados e seguidos nos ambientes de trabalho. Todos os procedimentos propostos pelos profissionais da área de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) tem um objetivo em comum, manter todos os trabalhadores seguros e saudáveis! E para este objetivo ser atingido a higiene ocupacional e a segurança do trabalho devem andar lado a lado.
- Sinalização no Ambiente de Trabalho: Um ambiente de trabalho seguro é indispensável para uma boa qualidade de vida para o trabalhador, deve ser prioridade de qualquer empresa o fornecimento de segurança e prevenção aos seus colaboradores, e dentre as diversas formas de manter um ambiente de trabalho seguro, está o uso de um tipo de EPC, a sinalização de segurança.
- O Uso Correto de Ferramentas de Trabalho: os riscos mecânicos são os riscos relacionados à falta de organização, limpeza, procedimentos operacionais e Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) no ambiente de trabalho e nos equipamentos, máquinas e/ou ferramentas utilizadas, geralmente existindo por falta de manutenção, treinamento e/ou por uso inadequado dos mesmos.
- Depressão: a realidade que estamos vivendo no trabalho (por exemplo, o home office e a uberização), as transformações tecnológicas nos processos de trabalho (plataformas digitais), na sociedade, na economia e na saúde (COVID-19), entre outros fatores que a sociedade moderna nos impõem estão tornando cada vez mais comuns os transtornos mentais relacionados ao trabalho e um deles é a depressão no trabalho.