O Impacto das Megaobras das Olimpíadas na SST

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Em 2021, estamos acompanhando nos meios de comunicação e esperando com muita expectativa o início dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio 2020. É um evento que integra culturas, promove o esporte e consolida um período de megaobras executadas (estádios, edifícios, ginásios, rodovias, etc.) para abrigar as competições. Neste contexto, podemos afirmar que um dos legados que fica na cidade é o impacto das megaobras das olimpíadas na SST.

A Segurança e Saúde do Trabalho (SST) é fundamental para promover no Canteiro de Obras um ambiente produtivo e estabelecer uma visão de “zero acidentes de trabalho”, principalmente, em construções complexas que envolvem um elevado número de trabalhadores, fornecedores e prestadores de serviços.

Para um evento como uma olimpíada relacionar acidentes de trabalho é um ponto negativo que prejudica os organizadores, investidores e grandes marcas que apoiam o evento. Executar uma megaobra demanda usar novas tecnologias da construção civil, gerar oportunidades de emprego, melhorar a qualidade de vida da sociedade e de forma negativa quando são registrados acidentes de trabalho prejudicam as famílias dos trabalhadores.

Os acidentes mais comuns em um Canteiro de Obras são conhecidos como Fatal Four da Construção Civil. Na Construção Civil é possível concluir que os principais tipos de acidentes de trabalho registrados no Brasil, todos os anos, poderiam ter sido evitados, principalmente, nos Canteiros de Obras com uma gestão proativa para a Segurança e Saúde do Trabalho.

Uma maneira de evitar acidentes é entender o impacto das megaobras na SST, quais são os acidentes de trabalho mais comuns e como eles ocorrem. Todas essas informações ajudam a prevenir nos ambientes de trabalho e garantir que o prazo da obra e os recursos financeiros, humanos e tecnológicos sejam aproveitados da melhor forma possível.

A seguir, destacamos os impactos do Jogos Olímpicos na sociedade e na SST. Reforçamos a importância de um programa efetivo de ações preventivas de SST e quais são as características relacionadas com a execução das megaobras e que devemos considerar no programa de gestão de riscos ocupacionais.

Jogos Olímpicos

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos são eventos globais multiesportivos que ocorrem a cada dois anos e são divididos em modalidades esportivas de verão e inverno. Em 2021, estão sendo realizados os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio 2020, postergados pela pandemia COVID-19. A cerimônia de abertura será dia 23 de julho de 2021 e está prevista a participação de cerca de 12.750 atletas divididos em 33 modalidades esportivas relacionadas com o atletismo, ciclismo, box, judô, skateboarding etc., e encerram no dia 08 de agosto de 2021.

Os Jogos de Tóquio 2020 tem como visão mudar o mundo e o futuro a partir do esporte. Para o comitê organizador, os jogos de Tóquio 1964 transformaram completamente o Japão. E, os Jogos de Tóquio 2020 trazem uma reforma positiva para o mundo. O principal legado dos Jogos de Tóquio 2020 é deixar para o país ações relacionadas com 5 eixos:

  1. Esporte e a Saúde
  2. Planejamento Urbano e Sustentabilidade
  3. Cultura e Educação
  4. Economia e Tecnologia
  5. Recuperação, Benefícios Nacionais e Comunicação Global.

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos representam uma oportunidade para que a cidade e o país possam realizar investimentos na educação, gerar oportunidades de emprego, inclusão social, desenvolvimento tecnológico e construir grandes obras ou megaobras como estádios, ginásios, parques florestais, praças esportivas, obras de saneamento, meios de transportes, prédios residenciais, etc., que a sociedade poderá usar após o encerramento dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

A construção da infraestrutura física dos jogos é complexa e executada sob uma supervisão que exige o cumprimento de um cronograma de entrega de obras e o controle do orçamento das construções. Neste contexto, deve existir um compromisso com o planejamento e o gerenciamento dos riscos ocupacionais que todos os trabalhadores envolvidos são expostos ao executar as obras, isto é, com a gestão da segurança e saúde do trabalho.

Case Concrejato
Gestão da Segurança do Trabalho na Construção CivilCase de Sucesso Concrejato

Um levantamento histórico do número de mortes de trabalhadores nas megaobras das olimpíadas indica que nas Olimpíadas de Londres 2012 não foram registrados acidentes fatais. Já as obras das Olimpíadas do Rio 2016, realizadas entre janeiro de 2013 e março de 2016, causaram a morte de 11 trabalhadores (GLOBO). E, até julho de 2019 nas obras para os Jogos de Tóquio 2020 estavam associados 2 acidentes fatais de trabalhadores (PHYS.ORG).

Durante as construções das megaobras para os Jogos de Tóquio 2020, até 2019, também 14 trabalhadores tinham registrado acidentes de trabalho. É um número melhor quando comparado com os Jogos Olímpicos de Pequim 2022 que já registraram 6 mortes de trabalhadores por falta de SST em megaobras na fase final de execução (PHYS.ORG).

Outro exemplo que justifica aumentar a SST nas Megaobras é o número elevado de trabalhadores que sofreram acidentes de trabalho na construção da infraestrutura para a Copa do Mundo de Futebol 2022 e que será realizada na cidade de Catar, com sete cidades-sede. O The Guardian revela que a construção dos estádios da Copa do Mundo 2022 tem 37 mortes relacionadas oficialmente pelo comitê organizador, mas esse número aumenta para 6.500 mortes desde que a cidade foi selecionada para sediar o evento.

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A Segurança e saúde do trabalho na construção civil - banner

A experiência demonstra que apesar da complexidade das obras e exigências dos prazos é possível construir megaobras sem acidentes de trabalho desde que seja executado o trabalho de uma forma segura, existam técnicos de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) para acompanhar a execução segura e as condições de trabalho, sejam respeitados os períodos de descanso dos trabalhadores, realizados investimentos na SST e treinamentos dos trabalhadores, entre outras ações preventivas.

SST nas Megaobras das Olimpíadas

Os Jogos Olímpicos exigem investimentos elevados na construção, melhorias e adaptações de grandes estruturas físicas como, por exemplo, para os Jogos de Tóquio 2020 foi projetada uma estrutura com 43 locais, das quais 25 já existiam e que passaram por adaptação para as competições, 10 são temporários e 8 são novas construções permanentes (CAMPOS, 2021).

Vila Olímpica – Jogos de Tóquio 2020 Fonte: Architectureofthegame (2021)

Para se ter uma ideia apenas o Estádio Olímpico de Tóquio é uma megaobra que passou por uma reforma e receberá a abertura e o encerramento dos Jogos Olímpicos. O estádio tem a capacidade de receber 68 mil pessoas e na reforma foram investidos cerca de 1,5 bilhões de dólares.

Entre os principais desafios que existem ao construir megaobras estão os prazos estabelecidos e o controle do orçamento. O cumprimento de um cronograma e orçamento pode levar a reduzir os procedimentos mínimos da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) necessários para garantir a própria segurança e saúde dos milhares de trabalhadores que participam da construção das megaobras.

O excesso de trabalho e as exigências no canteiro de obras são aspectos que podemos associar ao acidente de trabalho. Aumentar a quantidade de horas de trabalho ou as horas-extra pode provocar um estresse mental, a falta de atenção nas atividades, o cansaço físico, entre outros fatores que aumentam a probabilidade e frequência de acidentes de trabalho.

A imigração do trabalhador atrás de um posto de trabalho nas cidades que executam megaobras também é um fator que a SST deve considerar ao elaborar os programas de treinamento de SST, promover o uso de EPI’s na construção civil, a instalação correta de EPC’s, reforçar as instruções de trabalho e o Diálogo Diário de Segurança (DDS).

A cultura do trabalhador, o perfil educacional e o idioma também são características que determinam o sucesso e a eficácia de qualquer ação preventiva voltada para a SST dos trabalhadores imigrantes. Em nenhuma hipótese um trabalhador, independente da origem regional, deve iniciar o trabalho sem os treinamentos exigidos pelas Normas Regulamentadoras, principalmente, a NR 18 e NR 35.

A medida que o prazo final de entrega das obras se aproxima é comum contratar mais trabalhadores, aumentar as exigências e solicitar mais tempo de mão-de-obra, atitudes que decorrem de falta de controle, eventos climáticos, problemas políticos, ambientais, etc.

Para reduzir a probabilidade de acidentes de trabalho é necessário manter um sistema rígido de controle da saúde do trabalhador, principalmente, porque é comum os trabalhadores executarem as atividades em grandes alturas ou em ambientes com níveis de exposição elevada a queda de altura, máquinas e equipamento, ruído, poeiras, etc.

A Equipe de SST deve implementar um programa constante de prevenção e conscientização sobre o efeito de drogas na saúde do trabalhador, o excesso de álcool ou os cuidados necessários com o uso contínuo de medicamentos relacionados aos distúrbios mentais que influenciam aspectos cognitivos do trabalhador.

infográfico cultura de segurança

É necessário cuidar da saúde dos trabalhadores evitando trabalhos noturnos em condições inadequadas de iluminação ou redobrar a atenção quando é executado o trabalho em campo aberto ou se aproximam condições climáticas adversas. Além disso, independente do horário é necessário controlar os períodos de descanso e promover atividades sociais de integração.

A prevenção de acidentes de trabalho é sem dúvida a maior ação que os profissionais da SST devem incentivar nos canteiros de obras ou locais de trabalho. O cronograma e o orçamento são controlados também investindo em mais segurança e saúde para os trabalhadores. É uma atitude que evita o afastamento do local de trabalho, aumenta a produtividade e reduz os defeitos ou retrabalhos, desperdícios que provocam de fato o atraso no planejamento e aumentam os custos das megaobras.

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