Os ambientes de trabalho fornecem diversos riscos ocupacionais à saúde dos trabalhadores, riscos estes que podem causar os mais variados tipos de problemas (Doenças e Agravos) como, Acidente de Trabalho Grave, Câncer Relacionado ao Trabalho, Dermatoses Ocupacionais, Acidente de Trabalho com Exposição a Material Biológico, Intoxicação Exógena Relacionada ao Trabalho, LER/DORT, Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) Relacionada ao Trabalho, Pneumoconioses Relacionadas ao Trabalho, Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho e Acidente de Trabalho Grave envolvendo Crianças e Adolescentes (0 a 17 anos).
O Observatório de Segurança e Saúde no Trabaho (SmartLab), destaca que no período de 2007 a 2018, as notificações das doenças e agravos monitorados com ênfase pela Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, destacados anteriormente, aumentaram mais de 4,5 vezes, saindo de 73 mil casos, em 2007, para 340 mil, em 2018.
O estresse mental ou emocional é um dos maiores problemas das sociedades modernas e estudos indicam que o Sistema Nervoso exerce “uma importante influência em muitas funções vitais, como a respiração, o tônus cardiovascular e o metabolismo intermediário, que também são alteradas por estados de estresse” (LOURES et al., 2002). Nos ambientes de trabalho um dos impactos mais comuns dos trabalhadores são os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho decorrentes do estresse.
Entre os setores que mais registram notificações de Acidentes de Trabalho (CAT) relacionadas com Sistema Nervoso dos trabalhadores estão as atividades de Correios, com 65%, Bancos, 14%, Transporte Rodoviário Coletivo, com 5% e Atividades de Atendimento Hospitalar e Ambulatório (médicos e odontólogos), com 4%, totalizando mais de 88% dos registros no período de 2012 a 2018, conforme dados do SmartLab.
As atividades executadas pelos trabalhadores durante uma jornada de trabalho podem ser muito estressantes, o que é danoso para a saúde dos colaboradores e para a produtividade da empresa. Excesso de trabalho, exposição aos riscos ocupacionais, problemas de relacionamento, crise econômica, conflitos, problemas de saúde, insegurança, cobranças em excesso ou mal conduzidas são alguns dos fatores que desencadeiam o estresse no trabalho.
Se não for identificado previamente para ser combatido, o estresse pode acarretar alguns problemas graves à saúde dos trabalhadores, incluindo hipertensão e depressão ou causando um desequilíbrio na atuação do sistema nervoso. Levando em conta que as doenças causadas pelo estresse são tão comuns quanto perigosas, falaremos sobre esse problema da saúde que afeta tanto os trabalhadores no nosso artigo, a seguir.
Causas do Estresse no Trabalho
Uma grande competitividade e a busca sem limites por resultados e metas criam um ambiente muito estressante. E vários fatores podem contribuir para agravá-lo, como a competição entre os profissionais, o que pode comprometer o relacionamento entre colaboradores.
Da mesma forma, a tecnologia, que tanto contribui para o aumento da competitividade, também pode manter os colaboradores em estado de constante alerta e com dificuldades para se desvencilharem das questões do escritório. E este pode ser mais um gatilho no processo de esgotamento, típico das situações estressantes.
Os principais problemas que estressam os trabalhadores geralmente são problemas na comunicação, trabalho em excesso, jornada de trabalho longa e desregulada, metas exigentes e lideranças problemáticas.
Outros fatores também contribuem para o estresse, como, remuneração incompatível com a quantidade de trabalho e distribuição de responsabilidades inadequadas ao cargo são alguns deles.
Ao analisar as informações disponíveis no SmarLab, especificamente, para um cenário de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), observa-se que os principais agentes causadores de acidentes de trabalho relacionados com o Sistema Nervoso, registrados no Brasil, no período de 2015 a 2018, são os agentes biológicos, a agressão no ambiente de trabalho, o esforço físico, a exposição a máquinas e equipamentos, agentes físicos e químicos, entre outros.
Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o estresse decorrente do trabalho, pode prejudicar não apenas a saúde dos trabalhadores, mas também o bem estar de suas famílias. Neste caso, as empresas devem enfrentar essa situação para reduzir o absenteísmo, a rotatividade de pessoas e eliminar relações de trabalho difíceis ou ambientes de conflitos.
Não só problemas de relacionamento causam o estresse no trabalho
Para a Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA-EU) outros problemas que causam os estresse relacionado com o trabalho são:
- cultura ou “atmosfera” da organização e a forma como aborda estresse no trabalho;
- exigências, tais como o volume de trabalho e a exposição aos riscos de ordem física;
- controle sobre o trabalho – a influência que os trabalhadores têm sobre o modo como desempenham as suas actividades;
- relações interpessoais, abrangendo questões como o assédio moral e o assédio sexual;
- mudança organizacionais – a forma como é gerida e comunicada a transformação no âmbito da organização;
- apoio por parte dos colegas e dos gestores;
- formação que proporciona aos trabalhadores as competências que lhes permitem desempenhar as respectivas funções;
- fatores individuais, isto é, ter em conta as características de cada indivíduo.
Apesar dos problemas sociais e de relacionamento, entre a equipe e com as lideranças serem as principais causas, diferentes fatores relacionados ao ambiente de trabalho da área de Segurança e Saúde do Trabalho também podem contribuir para o estresse.
Um dos principais exemplos são os problemas com ergonomia, poluição sonora, iluminação inadequada, calor ou frio em excesso e mobiliário inadequado se tornam exemplos de condições que acentuam o estresse.
Questões relativas à segurança, como a falta de EPI, situações inseguras por falta de proteções coletivas, também podem contribuir para o estresse ao gerarem um sentimento de medo e desamparo por parte do empregador.
Os profissionais que atuam na área de Segurança e Saúde do Trabalho podem contribuir com a diminuição do estresse no trabalho a partir de uma análise de riscos, mapear quem e como pode ser prejudicado, realizar as avaliações qualitativas e quantitativas dos riscos ocupacionais e identificar que ações preventivas estão sendo tomadas, assim como, o que é necessário de implantar para melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho.
Sintomas
O estresse nada mais é uma reação do organismo a estímulos e à pressão, sendo na grande maioria das vezes, resultado de diversas causas. Dificuldades resultantes do ambiente familiar, de relações sociais e da jornada de trabalho vão contribuindo para essa situação cumulativa.
O acúmulo dos fatores que causam estado podem se expressar em diferentes sintomas fisiológicos e psicológicos, que devem ser observados como indícios de que algo não está bem.
Um colaborador estressado pode apresentar sintomas psicológicos como:
- Alterações de humor não usuais;
- Fácil irritabilidade;
- Isolamento social;
- Agitação ou letargia;
- Falta de concentração;
- Problemas de memória.
Porém alguns prolemas físicos podem aparecer e ao se agravar acarretar até mesmo em doenças, alguns destes problemas são:
- Dores musculares e de cabeça;
- Cansaço em excesso;
- Problemas gastrointestinais como gastrite;
- Hipertensão;
- Queda de cabelo;
- Perda ou ganho de peso;
- Depressão.
Todos os sintomas destacados podem causar impactos nas empresas ou organizações tais como, a baixa participação nas operações ou atividades laborais, dificuldade de cumprir o horário de trabalho, problemas disciplinares, assédio e comunicação agressiva. Impactos que diminuem a produção ou a qualidade do produto e/ou serviço oferecido ao cliente, provocam erros operacionais ou até acidentes de trabalho, assim como, despesas ou custos maiores pelos afatamentos ou mesmo acidentes de trabalho (OIT).
Como Evitar o Estresse no Trabalho
Identificar a existência e mapear as ocorrências de estresse no trabalho são passos importantes para combatê-lo. Mas a empresa não precisa esperar que o problema se desencadeie para começar a atuar.
A realização de uma pesquisa de clima organizacional é um bom instrumento para identificar prováveis elementos de risco. Ela permite verificar, por exemplo, qual a percepção dos colaboradores sobre as tarefas que executam, sua remuneração e relação com os líderes e demais colegas.
A pesquisa é uma forma de avaliar as iniciativas mais adequadas para prevenir o estresse. A partir dela, há uma série de ações que podem ser utilizadas para controlar o problema e evitar o estresse mental. Veja algumas abaixo (OSHA-EU):
- Estabelecer um ambiente com uma boa comunicação, apoio e respeito mútuo e que valorize as opiniões do trabalhadores e lideranças do ambiente de trabalho;
- Implantar um programa de treinamento para qualificar e formar trabalhadores com as capacidades adequadas as atividades ou tarefas executadas;
- Avaliar o ambiente de trabalho para identificar, eliminar, controlar e reduzir os impactos das fontes geradoras de ruído, vibrações, falta de ventilação, falta de iluminação ou aspectos psicossociais como, violência, assédio moral, consumo de drogas, etc.;
- Disponibilizar uma equipe especializada ou com habilidades profissionais internas para lidar com a prevenção de estresse relacionado com o trabalho ou iniciar tratamentos de casos específicos;
- Iniciar campanhas para prevenir o impacto do estresse nos hábitos de vida (vícios, dieta, exercícios, sono, etc.).
É claro que a proteção da saúde mental dos trabalhadores deve se concentrar em estratégias preventivas. A avaliação e a gestão de riscos psicossociais na sua origem irão ajudar na elaboração das medidas coletivas e individuais necessárias para melhorar a qualidade de vida no trabalho para homens e mulheres.
O programa SAfety with Smile (NAPO) destaca que os riscos psicossociais nos ambientes de trabalho podem ser gerenciados de uma forma eficaz e a prevenção é o mais importante. Neste contexto, a gestão dos riscos contribui para o bem-estar dos trabalhadores e o desempenho das empresas. Além disso, a tecnologia como, por exemplo, o OnSafety também é uma aliada para efetivar a implantação de medidas preventivas relacionadas com a área de Segurança e Saúde do Trabalho.