Anamnese ocupacional: O que é e como fazer? 

capa anamnese ocupacional

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A boa saúde e a segurança do trabalhador são os principais objetivos da SST. E, para tornar efetiva a prevenção e alcançar bons resultados no ambiente de trabalho é necessário reunir informações dos trabalhadores durante atendimentos relacionados com suspeitas de doenças ocupacionais, registro de lesões e exames ocupacionais, protocolo denominado de “Protocolo de Anamnese Ocupacional”.

Os exames ocupacionais, obrigatórios em todas as empresas, são compostos de diversos procedimentos dependendo da função do trabalhador em questão, desde uma simples audiometria a um eletrocardiograma e é, exatamente, neste momento do atendimento ao trabalhador que o profissional da saúde deve aproveitar para o preenchimento da anamnese ocupacional.

A anamnese ocupacional é realizada em todos os exames pertencentes ao PCMSO, em conjunto com demais procedimentos que são realizados de acordo com a atividade que o trabalhador exerce ou irá exercer. O Protocolo de Anamnese Ocupacional também é passível de utilização como prontuário eletrônico.

As informações coletadas quando tratadas e analisadas por uma equipe multidisciplinar, isto é, por profissionais das áreas de Segurança e Medicina do Trabalho, podem ser utilizadas para estabelecer programas de prevenção mais efetivos e eficientes para o trabalhador como, por exemplo, no âmbito do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

A incorporação da anamnese ocupacional na análise e desenvolvimento de ações preventiva demanda se aprofundar sobre o tema. E, tendo em conta que é um procedimento clínico realizado rotineiramente nas empresas, preparamos esse artigo sobre a anamnese ocupacional, confira a seguir.

O que é a Anamnese Ocupacional?

Uma anamnese clínica é uma coleta de informações realizada a partir de uma entrevista do médico com o paciente, por exemplo, sabe quando você entra num consultório e o médico lhe pede para descrever seus sintomas, pergunta se você toma remédios controlados, sobre exames, histórico familiar, rotina de exercício, etc,? Pois bem, essa é a anamnese clínica.

A anamnese clínica-ocupacional ou simplesmente anamnese ocupacional funciona da mesma forma, porém, por se tratar de um procedimento de saúde ocupacional, a entrevista é voltada para a profissão do paciente, onde o médico seguira um protocolo relacionado à saúde do trabalhador e também às atividades que o mesmo desempenha em seu trabalho.

O principal objetivo da anamnese ocupacional é investigar se existe uma relação da saúde ou agravos da saúde com o ambiente de trabalho. Especificamente, visa detectar e esclarecer o impacto dos riscos ocupacionais que o trabalhador está exposto durante uma jornada de trabalho, as alterações de saúde como, por exemplo, perda auditiva, cancer ocupacional, infecções, entre outras doenças do trabalho.

Entre outros objetivos relacionados com a anamnese ocupacional podemos destacar, conforme Apostila da Universidade Federal do Ceará (UFC):

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  • Possibilitar o diagnóstico da patologia ocupacional;
  • Orientar o tratamento adequado;
  • Possibilitar o acesso do paciente aos benefícios do Seguro de Acidentes do Trabalho do INSS;
  • Informar ao trabalhador sobre a gênese, evolução e prevenção de sua patologia;
  • Orientar o trabalhador, a empresa e o INSS sobre as possibilidades de retorno do paciente ao trabalho e sobre a necessidade de Reabilitação Profissional;
  • Acionar as ações de Vigilância relacionadas à melhoria das condições sanitárias do ambiente gerador do caso; ao diagnóstico precoce; à busca ativa de casos e ao traçado do perfil epidemiológico da patologia ocupacional;
  • Reunir dados para produção científica, ampliando o conhecimento sobre os agravos à saúde dos trabalhadores;
  • Compreender e difundir informações sobre as relações entre o trabalho e a saúde.

Como a Anamnese Ocupacional é Realizada?

Como toda anamnese médica, a ocupacional segue as etapas da Resolução CFM 2053/2013, atualizada pela Resolução CFM Nº 2.153/2016.

Obviamente, o objetivo de cada etapa é coletar informações sobre as atividades ocupacionais dos trabalhadores. 

No entanto, as entrevistas têm sempre uma abordagem integrada do indivíduo, uma vez que a sua saúde é afetada por vários aspectos ou riscos ocupacionais para a sua vida pessoal e profissional. 

 A anamnese ocupacional, no mínimo, deve obedecer ao disposto no Art. 87 do Código de Ética Médica e seus parágrafos, que determina os seguintes dados:

  1. Identificação do paciente: Queixa principal (Q.P.) geralmente relacionada ao trabalho, a história da molestia atual (HDA), História Ocupacional, História famíliar, etc.
  2. Exame Físico;
  3. Exame do estado mental (para a psiquiatria e neurologia);
  4. Hipóteses diagnósticas: possíveis doenças que orientarão o diagnóstico diferencial e a requisição de exames complementares;
  5. Exames complementares: exames solicitados e registro dos resultados (ou cópia dos próprios exames);
  6. Diagnóstico: de acordo com o CID da Organização Mundial da Saúde em vigor;
  7. Conduta: terapêutica instituída e encaminhamento a outros profissionais;
  8. Prognóstico: quando necessário por razões clínicas ou legais;
  9. Sequelas: fundamentação para prescrições específicas como órteses e próteses e, materiais especiais;
  10. Causa da morte.

Em alguns casos, a anamnese ocupacional pode ser realizada por um formulário preenchido inicialmente pelo trabalhador, onde ele responde diversas perguntas sobre a sua saúde e o seu trabalho.

Quem Realiza?

Este exame deve ser conduzida por um médico do trabalho, porém, como ela é uma entrevista, a participação do trabalhador é mandatória. 

A Importância da Anamnese Ocupacional

O procedimento tem a mesma importância que todos os outros realizados durante os exames ocupacionais, a anamnese ocupacional tem o objetivo de identificar, através das queixas do trabalhador, possíveis problemas de saúde que possam ser evitados ou combatidos.

Sem esse procedimento, um trabalhador com dor nas costas que trabalha carregando caixas, não teria onde se queixar disso e às vezes nem relacionaria suas dores ao trabalho. Informações da saúde do trabalhador que podem ser complementadas com outras fontes como, por exemplo, a Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT).

Com essa entrevista entre médico e trabalhador, é possível evitar doenças e acidentes, além de manter a saúde do trabalhador em dia.

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