A construção de uma cultura de segurança do trabalho é de suma importância para qualquer empresa, a busca por um ambiente de trabalho seguro vai muito além de ser apenas uma prioridade, ela deve ser prezada como um dos valores da empresa, estando o tempo todo presente na rotina dos trabalhadores e dos empregadores.
Dados oficiais do Anuário Estatístico do Ministério da Previdência Social (AEPS) (2016), informam o registro de 578.935 acidentes de trabalho, em 2016. Apesar de que os acidentes de trabalho vem reduzindo em comparação com o ano de 2014, cerca de 16%, essa estatística ainda indica que ocorrem mais de 1586 acidentes por dia no Brasil. Sendo os setores econômicos mais atingidos a Indústria e os Serviços.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial em acidentes do trabalho. A cada 48 segundos um trabalhador se acidenta no ambiente ocupacional. Em média, a cada 4 horas um trabalhador morre por falta de uma cultura de prevenção à saúde e à segurança do trabalho.
Os índices demonstram que a maioria das empresas brasileiras ainda não possuem um Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho (SGST) eficiente para compor suas estruturas organizacionais, fato que é refletidos nos altos números de acidentes de trabalho que ainda ocorrem ano após ano.
Acidentes do trabalho como quedas, relacionados a objetos, equipamentos e máquinas, choques elétricos, lesões, queimaduras e outros ainda são comuns nas empresas brasileiras e poderiam ser evitados.
Agora resta saber em qual estágio de maturidade sua empresa está quando o assunto é saúde e segurança ocupacional? A construção de uma cultura de segurança do trabalho ocorre por etapas e deve considerar três fatores que são indispensáveis para a implantação do seu processo:
- Desempenho dos Profissionais de Segurança do Trabalho.
- Envolvimento dos Colaboradores na Segurança e Saúde do Trabalho.
- Comprometimento das Lideranças no Processo de Mudança.
Antes de abordar cada um destes fatores, vamos primeiro definir o que vem a ser a cultura de segurança do trabalho.
Cultura de Segurança do Trabalho
Quando falamos de “cultura”, estamos abordando um contexto geral que inclui padrões, normas de comportamento e hábitos de um determinado grupo em um determinado local. Já a palavra segurança, de acordo com o Dicionário Online de Português, se refere a uma condição daquilo que está seguro, livre e afastado de perigo.
Desta forma podemos dizer que uma cultura de segurança do trabalho é um conjunto de conceitos e ideias incorporados em uma empresa, cujo objetivo é promover ações rotineiras que previnam todos os colaboradores de qualquer risco que a ocupação e o ambiente possam vir a fornecer, envolvendo todos os níveis hierárquicos de uma organização.
A expressão cultura de segurança, foi utilizada pela primeira vez no relatório técnico sobre o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, na década de 1980, colocando-a como uma ação prioritária dos trabalhadores e das organizações.
As atitudes e o comportamento dos trabalhadores em relação à segurança deve ser motivada, desenvolvida e contínua. A comunicação e informação constante sobre o assunto é de extrema importância para levar a conscientização e conquistar tanto o comprometimento da liderança da empresa quanto o envolvimento de todos os colaboradores.
A cultura de segurança deve nascer da cultura organizacional, pois só assim vai influenciar as atitudes e o comportamento dos colaboradores. Caso isso ainda não seja uma realidade na sua empresa, primeiro é preciso incluí-la na cultura organizacional para que a segurança do trabalho seja mais do que uma prioridade e passe a ser algo atrelado à rotina de trabalho.
De acordo com a OIT, a cultura de segurança é uma questão que governantes, empregadores e trabalhadores devem defender para que haja respeito ao direito à segurança no ambiente de trabalho de um país. Além disso, coloca a prevenção como prioridade dentro da cultura de segurança.
A disseminação da cultura de segurança do trabalho em uma empresa considera os seguintes fatores:
- Formação de um processo de melhoria contínua para a Segurança do Trabalho. O Ciclo PDCA é uma metodologia que vai nos ajudar a estabelecer um plano focado nos resultados críticos para a indústria.
- Leis e normas vigentes.
- Prevenção.
- Aprendizagem organizacional.
- Treinamentos.
- Comunicação.
- Transparência e confiança.
- Recursos financeiros.
O Papel dos Profissionais de SST na Construção de uma Cultura de Segurança.
O profissional de segurança do trabalho é o agente fundamental para a mudança cultural na indústria e por isso deve ter perfil proativo e comprometido.
A habilidade de comunicação e empatia devem ser características predominantes neste profissional, que deve mobilizar, tanto a liderança quanto aos colaboradores.
A implantação de um Sistema de Gestão em Segurança do Trabalho (SGST) deve ser bem planejado, mas sobretudo deve considerar o estágio da cultura de segurança que a empresa se encontra.
A assimilação de políticas adequadas, sistemas de controle, fluxo de informações no ambiente industrial pode levar tempo. Por isso, o profissional de segurança do trabalho deve ser paciente e motivador com os colaboradores e promover a integração com a direção da empresa.
O desafio deste profissional é não se acomodar num sistema pronto pois o processo deve ser melhorado continuamente, principalmente com a participação dos colaboradores.
Assim, o monitoramento da segurança do trabalho ocorre de forma contínua, seguindo processos e procedimentos, metas e objetivos.
Uma forma de revisar o papel dos profissionais da área de SST é conhecendo e definindo o SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho, cujo objetivo é determinar os riscos no ambiente de trabalho e promover um conjunto de ações para neutralizá-los ou eliminá-los, garantindo a saúde e segurança do trabalhador.
Consulte a Norma Regulamentadora – NR 04 – para dimensionar o SESTM conforme o Grau de Risco e o N° de Empregados do seu Estabelecimento, e evite multa ou penalidades durante a fiscalização.
Envolvimento dos Colaboradores na Cultura de Segurança.
O uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e a participação de alguns funcionários da CIPA, por exemplo são direitos e deveres dos colaboradores.
Qual é a postura e ações individuais que o trabalhador tem em relação ao SGST e aos riscos presentes? E quanto a acidentes e à prevenção no ambiente ocupacional?
O engajamento dos funcionários no processo de construção da Cultura de Segurança do Trabalho é de extrema importância e após ser conquistado, deve ser continuado e levado como uma das prioridades dos mesmos.
A princípio há pouco envolvimento dos colaboradores em relação à cultura de segurança que se dá apenas para o cumprimento de normas e regulamentos.
No entanto, conforme o comprometimento da organização com a cultura de segurança vai aumentando e o envolvimento dos gerentes vai se tornando maior, a atitude e a percepção dos funcionários começam a sair do plano da obrigação e vão entrando lentamente no campo da adesão.
O estágio ideal da cultura de segurança envolve a participação dos trabalhadores que devem atuar como multiplicadores da cultura de segurança do trabalho envolvendo também equipes contratadas e fornecedores.
Uma boa maneira de envolver os colaboradores nesta cultura, é incentiva-los à participar do controle e da prevenção de questões que envolvem SST, fornecendo treinamentos constantes, palestras, incentivando que denunciem atos e situações inseguras, faça do colaborador um agente da Segurança a mais dentro do ambiente.
Papel das Lideranças na Cultura de Segurança
Gerentes convencidos da importância da cultura de segurança vão lutar pela conquista de uma estrutura adequada para a segurança do trabalho.
A adesão da liderança é o exemplo a ser seguido pelo restante da organização e vai possibilitar a concretização da implantação da cultura de segurança na indústria, facilitando acesso a recursos materiais e tecnológicos, mesmo que gradativo.
Quanto mais a liderança se mostrar motivada a promover a prevenção, o seguimento das normas, etc, mais os funcionários vão se atentar à estes pontos e gradativamente a cultura vai sendo inserida, partindo de cima para baixo até se torna constante e presente em todos os níveis hierárquicos.
Tal envolvimento é também determinante para transmitir confiança e ampliar a percepção e as atitudes dos empregados nas questões referentes à segurança do trabalho.
As iniciativas e a estrutura da organização são o que dão suporte para o trabalhador e a todo o sistema de gestão de segurança do trabalho.
Vale lembrar que a comunicação é a principal ferramenta que deve prevalecer para unir profissionais do SESMT, lideranças e empregados para a construção gradativa de uma cultura de segurança do trabalho nas empresas.