Os profissionais da SST, em diversos ambientes de trabalho ou na indústria, precisam realizar uma análise de falhas potenciais e os efeitos ou impactos que podem ser provocados por sistema industrial do ponto de vista da saúde e segurança do trabalhador.
Para construir um processo de controle e avaliação dos riscos ocupacionais e gerar impactos de melhoria da segurança e saúde do trabalho é fundamental adotar métodos, práticas e técnicas que promovam a tomada de decisão dos profissionais da SST.
Um método analítico padronizado que permite identificar e eliminar problemas potenciais ou um evento perigoso é o denominado como FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), isto é, uma ocorrência ou acontecimento com o potencial de causar lesões ou agravos a saúde do trabalhador pode ser controlado e avaliado com o Método FMEA.
O FMEA permite analisar no ambiente de trabalho os processos de fabricação, os produtos ou materiais movimentados por trabalhadores, equipamentos ou qualquer perigo ou fator de risco ocupacional com potencial de provocar um acidente de trabalho.
Com a avaliação qualitativa e a poderação do ranking dos riscos ocupacionais é possível construir um plano de ações mais efetivo que reduza a probabilidade, frequência e gravidade dos efeitos das falhas. Desta maneira, com o Método FMEA é possível estabelecer uma hierarquida de controle de riscos e, consequentemente, um plano de ações mais efetivo.
A prevenção de falhas é uma atitude que devemos promover sempre e o Método FMEA vem para contribuir com o planejamento de ações de controle que eliminam e reduzem danos e perdas. A seguir, destacamos as principais características do FMEA e como aplicar o Método FMEA. Uma boa leitura!
Como Aplicar o FMEA na SST?
O Método FMEA se soma ao uso de ferramentas fundamentais de análise de riscos como, por exemplo, a Análise Preliminar de Riscos – APR. Neste caso, é um método que vem consolidar a prática de avaliar o ambiente de trabalho para evitar perigos. E, o FMEA no âmbito da SST é um processo sistemático de atividades proposto com os seguintes objetivos:
- Reconhecer e avaliar o potencial de falha de um produto/processo/sistema e seus efeitos na saúde e segurança do trabalhador;
- Identificar ações preventivas e corretivas que podem eliminar ou reduzir as chances de uma falha potencial ocorrer e, consequentemente, reduzir a probabilidade e a gravidade de um acidente de trabalho;
- Documentar o processo / sistema ou riscos ocupacionais que o trabalhador está exposto.
O FMEA permite estabelecer uma hierarquia de riscos ocupacionais, priorizando os modos de falha conforme um coeficiente denominado de Número de Prioridade de Risco ou RPN (Risk Priority Number). Este número é uma decorrência da multiplicação de três índices: Severidade (S), Ocorrência (O) e Detecção (D), determinados a partir de uma referência.
O principal resultado da avaliação dos efeitos, causas e mecanismos de controle é a lista de prioridades qualificadas para realizar investimentos na Segurança e Saúde do Trabalho e estabelecer processos preventivos mais efetivos.
Aplicação dos Índices de Severidade, Ocorrência e Detecção
O índice de Severidade (S) altera de 1 a 10, conforme a maior gravidade da falha (10) para o menor impacto da falha (1), relacionada com o efeito que pode ser provocado pela falta de segurança e exposição da saúde do trabalhador.
A Ocorrência (O) é relacionada com a avaliação da probabilidade ou frequência do modo de falha de um determinado produto ou processo ou acidentes de trabalho (causas). Neste caso, a melhor forma de identificar o valor da Ocorrência é recorrer aos registros de acidentes de trabalho e relatos dos trabalhadores.
Detecção (D) é a dificuldade de fazer detectar a falha antes que aconteça o modo de falha ou relacionar com a capacidade de controle ou uso de medidas preventivas. No campo de manutenção, conceitua-se a possibilidade de detecção entre muito alto e muito baixo, relacionando os conceitos de 1 a 10 com a perspectiva de o defeito ser detectado.
Para conduzir a aplicação dos Índices de Severidade, Ocorrência e Detecção é necessário contar com o auxílio de uma referência científica que caracterize o impacto do fator de risco na saúde e segurança do trabalhador, assim como, a frequência do evento perigoso e as medidas preventivas que são adotadas ou existem no ambiente de trabalho.
Severidade (S) | Ocorrência (O) | Detecção (D) | |||
Índice | Impacto na Saúde e Segurança do Trabalhador | Índice | Probabilidade do Acidente de Trabalho | Índice | Capacidade de Avaliar / Prevenir o Evento Perigoso |
– | – | – | Contato com Temperatura Externa | – | – |
1 | Sem impacto real | 3 | Atrito ou Abrasão | 1 | Inspeção Visual |
2 | Trauma Relevante | 4 | Choque Elétrico | 2 | Teste Manual / Avaliação |
3 | Trauma que Requer Primeiros Socorros | 4 | Contato com Substância Nociva | 3 | Teste Manual / Avaliação |
4 | Incapacidade Temporária sem Afastamento | 4 | Exposição ao Ruído | 4 | Aplicação de Checklist / Auditoria de SST |
5 | Incapacidade Temporária com Afastamento Curto | 5 | Queda em Mesmo Nível | 5 | Aplicação de Checklist / Auditoria de SST |
6 | Incapacidade Temporária com Afastamento Longo | 5 | Prensagem ou Aprisionamento | 6 | Aplicação de Checklist / Auditoria de SST |
7 | Incapacidade Permanente Parcial | 5 | Esforço Exccessivo ou Inadequado | 7 | Aplicação de Checklist / Auditoria de SST |
8 | Incapacidade Permanente Total | 5 | Impacto Contra | 8 | Inspeção com Equipamento / Testes Mecânicos |
9 | Óbito de Trabalhadores no Processo | 5 | Queda com Diferença de Nível | 9 | Inspeção com Equipamento / Testes Mecânicos |
10 | Óbito de não Envolvidos no Processo | 6 | Impacto Sofrido | 10 | Ausência de Métodos Efetivos de Avaliação |
Desta maneira, o Método FMEA contribuirá com a qualificação da avaliação dos riscos ocupacionais no ambiente de trabalho e com o estabelecimento de um plano de ações preventivas e processos mais efetivo de controle dos níveis de exposição dos trabalhadores aos agentes ocupacionais.