A segurança para os profissionais da saúde é uma prioridade, afinal, o ambiente hospitalar é repleto de riscos biológicos, químicos (produtos de limpeza, desinfecção e esterilização), ergonômicos, de acidentes e físicos. Entre os quais vamos dar mais atenção aos biológicos e químicos, principalmente, porque podem provocar a contaminação dos pacientes e acompanhantes.
A análise dos riscos e a introdução de medidas preventivas e de controle de segurança dos profissionais da saúde no ambiente hospitalar sempre vem em primeiro lugar. É uma iniciativa fundamental porque a exposição aos riscos da própria natureza dos serviços da saúde, biológicos e químicos, nos ambientes hospitalares estão entre os agentes que mais causam acidentes de trabalho. Para exemplificar, no período de 2016 a 2018, foram 33.679 técnicos de enfermagem que registraram acidentes de trabalho com tais agentes no Brasil.
A falta de Segurança e Saúde Ocupacional dos profissionais do ambiente hospitalar ficou mais evidente neste momentos da pandemia COVID-19. O levantamento do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e do Conselho Internacional de Enfermagem (ICN), demonstra que o Brasil responde por 30% das mortes de profissionais de Enfermagem por COVID-19. São profissionais, na maior parte mulheres relativamente jovens, com prevalência da faixa etária de 40 a 60, muitas delas com comorbidades, que não deveriam estar em contato com casos suspeitos de COVID-19.
A partir do mapeamento de riscos é possível estabelecer procedimentos de Segurança e Saúde Ocupacional adequados aos trabalhadores. Além disso, estabelecer medidas preventivas adequadas ao trabalho realizado pelos profissionais. A identificação dos riscos macro e microambientais nos diferentes setores do ambiente hospitalar é necessária para a segurança e saúde de todos os profissionais como, por exemplo, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos e outros trabalhadores.
A nossa equipe buscou reunir as principais recomendações para implantar as medidas de proteção e procedimentos para os profissionais da área hospitalar, listadas, a seguir.
Identificação dos Riscos Ambientais
É um tanto estranho dizer que logo o hospital é um ambiente que fornece grandes riscos à saúde de quem o frequenta, porém, é inevitável que este ambiente seja perigoso. Profissionais da saúde devem estar sempre atentos pois, estão constantemente expostos a riscos e além disso, outras vidas dependem deles.
Por isso, gestores e empregadores desta área devem sempre por a saúde de seus funcionários em primeiro lugar e não medir esforços e gastos na hora de mantê-los seguros. E, a primeira ação a ser tomada é a identificação dos riscos ambientais.
Os riscos ambientais são exposições dos trabalhadores da área da saúde aos agentes relacionados com a infraestrutura do ambiente hospitalar ou setores / locais de trabalho. O profissional da área de Segurança e Saúde do Trabalho deve avaliar as condições físicas, a sinalização e a manutenção dos pisos, das paredes e a movimentação ou fluxo de pessoas. A seguir, alguns exemplos de perigos que podem ser identificados:
- O piso não pode conter rachaduras e deve ser resistente aos produtos químicos que serão aplicados.
- O fluxo de pessoas deve ser sempre no sentido do ambiente com menor potencial de contaminação para o ambiente com maior potencial.
- As paredes não podem conter infiltrações, pois fica úmida e aumenta as chances da proliferação de microrganismos.
No trabalho realizado por Santos e Schossler (2013) é destacado que no ambiente hospitalar “os riscos de acidentes ocorrem com funcionários durante o seu trabalho devido a vibrações, doença arterial periférica, máquina e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, eletricidade, iluminação inadequada”, entre outras situações de riscos que geram acidentes do trabalho.
Uma forma de agilizar a identificação dos riscos é usando as funcionalidades do OnSafety. Com a tecnologia os profissionais da área de Segurança e Saúde do Trabalho que atuam no ambiente hospitalar podem realizar as inspeções dos locais de trabalho pelo smartphone por meio do aplicativo OnSafety. A sua equipe registrará as não-conformidades em campo e em tempo real e encaminhará notificações para todos os responsáveis para implementar uma medida corretiva ou ações de melhoria.
Identificação de Insalubridades e Periculosidades
É importante inspecionar todos os setores ou locais de trabalho do hospital para identificar as situações insalubres e perigosas. A insalubridade é caracterizada por exposições a agentes que são nocivos à saúde dos profissionais, levando em conta o tempo de exposição, intensidade do agente e qual agente é como, por exemplo, radiologistas são expostos a uma situação insalubre.
Já a periculosidade é o contato permanente com produtos inflamáveis ou explosivos em condições de risco. A utilização correta dos equipamentos hospitalares e a manutenção preventiva dos mesmos ameniza esses problemas.
Dicas de Prevenção dos Riscos Ocupacionais
Riscos ocupacionais são todos riscos aos quais os trabalhadores ficam expostos durante suas jornadas de trabalho e em ambientes hospitalares basicamente todos podem ser encontrados.
Os riscos ocupacionais são divididos em agentes de exposição tais como, Físicos (ruídos, temperaturas, etc), Químicos (produtos em geral), Biológicos (vírus, bactérias, etc) e Ergonômicos (relacionados a postura e pesos carregados).
Para manter os profissionais seguros, a redução e a anulação destes riscos é necessária, para isso, antes de tudo, estes riscos precisam ser identificados nas inspeções de segurança e com base nas identificações, medidas preventivas são tomadas.
Medidas como fornecimento de EPI, adoção de proteções coletivas, treinamento sobre uso correto de equipamentos, tal qual manutenções periódicas são alguns dos meios adequados de se manter os trabalhadores em segurança em qualquer ambiente de trabalho. E, neste momento de pandemia um procedimento que não pode faltar para o profissional da saúde é a entrega e controle dos EPI’s.
No entanto, o ambiente hospitalar fornece mais riscos além dos que são normalmente identificados nos demais segmentos, principalmente, os Riscos Biológicos e Químicos, exigindo muita atenção da equipe de SST para manter os profissionais da saúde seguros, e para isso, trouxemos uma lista de procedimentos e práticas que podemos adotar.
Forneça Treinamento
É extremamente necessário que os trabalhadores tenham total conhecimento dos perigos de contaminação, dos riscos de acidentes aos quais estão expostos e como evitá-los.
Por isso é necessário realizar treinamentos constantes e ficar atento aos vencimentos e reciclagens. Treinamentos para informar os funcionários dos riscos presentes em seus ambientes de trabalho, sobre procedimentos e manutenção adequada de seus equipamentos de trabalho, sobre mudanças nos processos ou a ocorrência de novas ameaças.
Todo esse cuidado é um investimento na saúde e na segurança de seus funcionários. E além de tudo, capacitações são obrigatórias por lei e podem ser encontradas nas NR 1 e NR 32 (Norma que regulamenta a segurança em estabelecimentos de saúde).
Para o Controle de Treinamento dos profissionais que trabalham no ambiente hospitalar o OnSafety também oferece uma funcionalidade para o controle dos treinamentos e das capacitações dos trabalhadores por aplicativo. Além disso, a sua equipe poderá emitir a lista de presença e certificados de conclusão e controlar as datas de vencimentos dos treinamentos obrigatórios e não-obrigatórios.
Forneça e Promova o Uso dos EPI’s
O Equipamentos de Proteção individual (EPI’s) são obrigatórios em basicamente qualquer atividade profissional, conforme previsto na NR 06. Luvas, máscaras, óculos de proteção e tocas são essenciais e devem ser utilizados da forma correta.
Como os profissionais da área da saúde estão sempre expostos a microrganismos e produtos que podem ser nocivos á saúde, os EPI’s da área da saúde servem principalmente para se evitar a contaminação destes profissionais. No ambiente de trabalho o uso de óculos e máscaras garantem a proteção dos olhos e das vias aéreas e as luvas e jalecos, das mãos e braços.
Atenção! Os EPI’s devem ser sempre usados e retirados adequadamente pelos profissionais da saúde, as máscaras devem cobrir boca e nariz por completo, o cabelo não deve ficar para fora da toca e as máscaras e luvas devem ser trocadas a cada paciente atendido.
Além do uso de EPI’s, a segurança dos profissionais da saúde depende muito de higiene, as mãos devem ser sempre bem lavadas e desinfectadas com álcool, tal qual, equipamentos utilizados. Tudo que é descartável deve ser descartado e jamais reutilizado.
Limpar e Higienizar os Ambientes de Trabalho
A limpeza constante dos locais em que há trânsito de pessoas é essencial para evitar riscos biológicos e químico. O álcool 70% é uma das soluções mais eficientes para a desinfecção de mãos, superfícies e equipamentos
Sangue e fluidos corporais são agentes propícios para a proliferação de microrganismos e podem ser facilmente limpos com água e sabão, superfícies que tem contato com isso devem ser limpas antes e após o uso.
Fique atento aos desinfetantes apropriados. Os cuidados necessários podem variar de acordo com o agente infeccioso em questão, por isso, no quesito higienização, todo cuidado é pouco.
Descarte os Resíduos em Locais Adequados
Resíduos hospitalares podem ser perigosos de diversas formas, tanto para os profissionais da saúde, quanto para o meio ambiente e comunidade ao redor do hospital.
Os protocolos e normas de biossegurança tratam do descarte de resíduos em local apropriado. Os resíduos são divididos em grupos e cada um deles tem um destino diferente.
Grupo A: Potencialmente infectantes
Materiais potencialmente infectantes, todos aqueles que podem conter agentes infecciosos e apresentavam riscos biológicos no ambiente hospitalar.
Devem ser descartados em sacos brancos e recolhidos por empresa especializada em tratamento de lixos hospitalares.
Grupo B: Resíduos Químicos
São os resíduos que contém substâncias químicas que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente. Produtos inflamáveis, corrosivos, reativos e tóxicos são tratados como resíduos químicos e também devem ser recolhidos e tratados por empresa especializada.
Grupo C: Resíduos Radioativos
Qualquer material ou vestígio de material radioativo é enquadrado nesse grupo, nos hospitais é comum encontrar este tipo de material em equipamentos de raio X. Eles devem ser tratados segundo as normas da biossegurança e serem descartados de forma segura e adequada pois, são extremamente perigosos.
*Um exemplo de como um descarte inadequado deste tipo de material pode ser perigoso é o incidente com Césio 137 em Goiânia, que teve sua origem no descarte inadequado de um equipamento radioterapêutico.
Grupo D: Comuns
Aqui encontram-se os resíduos comuns, todos aqueles que não foram contaminados e que não fornecem riscos de acidentes, como papéis e lixos sanitários. Esses podem ser descartados normalmente, sendo coletados pelas equipes de coleta de lixo comuns.
Grupo E: Instrumentos Perfurocortantes
Agulhas, bisturis e lâminas não contaminadas pertencem a este grupo. Estes resíduos devem ser descartados em caixas amarelas apropriadas e também recolhidos por empresa especializada.
Use Serviços Especializados na Coleta
Coletar e descartar o resíduo hospitalar exige muito conhecimento e cuidado, visto que na maioria das vezes se tratam de materiais perigosos.
Caso estes resíduos entrem em contato com o solo ou com a água, podem causar contaminações na população ao redor, além de que a vegetação também pode ser prejudicada e expor animais a estes riscos.
Por isso a necessidade de se contratar uma empresa especializada em coletar, transportar e descartar corretamente o resíduo hospitalar.
Elabore um Plano de Emergência
O plano de emergência é um documento que tem o objetivo de explicar como se deve agir em situações emergenciais. Aborda desde acidentes de trabalho a explosões e inundações.
Um hospital deve estar funcionando sempre, saúde e vidas dependem de seu funcionamento, por isso todos devem estar preparados para qualquer adversidade.
Elaborar o PGR de Resíduos
O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS) é o documento técnico que descreve as ações referentes aos resíduos hospitalares, abrangendo da a geração à disposição final.
Para se evitar contaminações, uma série de procedimentos padrões que devem ser seguidos à risca pelas instituições que prestam serviços relacionados à saúde.
O PGRSS deve ser elaborado por todos os geradores de resíduos de serviços de saúde, de acordo com as normas e regras dos órgãos de vigilância sanitária e meio ambiente. Este planejamento deve ser tomado pelos seguintes estabelecimentos:
- Laboratórios;
- Necrotérios;
- Funerárias;
- Hospitais;
- Drogarias e Farmácias.
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