As indústrias são divididas em diversos setores produtivos que agrupam recursos humanos, máquinas, equipamentos, materiais, atividades e ferramentas por processos de fabricação ou produtos. E, em cada ambiente de trabalho estão distribuídos os trabalhadores e definidas as suas atividades e, por consequência, expostos a diferentes fatores ou perigos que caracterizam os riscos ocupacionais.
A exposição aos fatores de risco demanda dos profissionais da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) o levantamento preliminar dos riscos para elaborar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), assim como, estabelecer medidas ou ações de prevenção dos riscos ocupacionais. E, quando se trata de prevenção na SST, todos os riscos devem ser identificados e tratados, e para auxiliar na prevenção nós temos o Mapa de Riscos.
É necessário que todos os trabalhadores inseridos nos ambientes de trabalho conheçam bem as suas funções, procedimentos de SST, os níveis de exposição aos riscos ocupacionais e as medidas de controle. Isto é, os trabalhadores, além das atividades que desempenham nos setores onde estão inseridos devem saber bem a quais riscos estão expostos e como preveni-los.
Entre as práticas que os profissionais da área de SST podem usar para identificar os riscos ocupacionais e associar com o ambiente de trabalho ou layout da indústria é o Mapa de Riscos. É uma prática que ajuda a construir uma gestão mais proativa de SST e estabelecer uma comunicação padronizada sobre os fatores de riscos e níveis de exposição dos trabalhadores.
O Mapa de Riscos é crucial para um ambiente de trabalho seguro, prevenir acidentes de trabalho, visualizar as situações ou pontos de perigo e caracterizar o tipo de risco, entre outras vantagens, e é por isso que vamos abordar o tema, confira a seguir.
O que é o mapa de riscos?
Em diversos ambientes de trabalho provalvemente você já viu um Mapa de Riscos, pois eles devem ficar bem visíveis nas empresas, tanto para visitantes, quanto para os trabalhadores ou qualquer pessoa que circula ou frequenta um determinado ambiente de trabalho.
O Mapa de Riscos nada mais é do que uma planta baixa (layout) de todos os setores da empresa, separando ambientes de trabalho, ambientes de uso coletivo e individuais, restritos, corredores e instalações nas quais é destacado e registrado por meio de círculos de cores os tipos de riscos (físico, químico, biológico, ergonômico e/ou mecânico) presentes e sua intensidade ou nível de exposição, por exemplo, nível elevado, médio ou leve.
O objetivo do Mapa de Riscos é transmitir de maneira clara para todos, onde, quais são e qual a intensidade dos riscos presentes em cada setor da empresa, para isso tem uma linguagem simples e padronizada e deve ficar visível a todos.
O Mapa de Riscos irá contribuir no processo de eliminação ou controle dos riscos ocupacionais, assim como, a localização das áreas com os níveis de exposição mais elevados detectados no ambiente de trabalho. Informações que ajudam a prevenir acidentes de trabalho e, consequentemente, custos acidentários, fiscalizações do trabalho, paradas de máquinas, entre outras vantagens.
Ele é obrigatório?
Sim, a NR 05 determina que o Mapa de Riscos deve ser elaborado para qualquer empresa que tenha ambientes que forneçam riscos à trabalhadores e à visitantes.
Além de sua elaboração ser obrigatória, é obrigatório também que ele fique em um local que seja visível para todos, sejam funcionários ou visitantes também. Neste caso, é recomendado que o Mapa de Riscos fique visível nos corredores, entrada dos ambientes de trabalho, refeitório ou locais com ampla circulação de trabalhadores.
Quem pode elaborá-lo?
De acordo com a NR-5, este documento somente poderá ser elaborado pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) sob a direção do SESMT (Segurança do Trabalho e Serviços Profissionais Médicos).
Empresas e organizações sem CIPA podem optar por contratar uma empresa especializada em saúde e segurança do trabalho para elaborar um Mapa de Riscos. É necessário também ouvir e promover a participação de todos os trabalhadores dos setores da empresa na elaboração e detecção dos riscos ocupacionais.
O Mapa de Riscos deve ser realizado a cada um ano quando é renovada a CIPA e a implantação das medidas preventivas para eliminar os riscos identificados devem ser garantidas pelas empresas. Informações que devem estar alinhadas com o PGR e com as informações transmitidas no eSocial.
Para coletar as informações do Mapa de Riscos a Equipe de Profissionais da SST pode usar a tecnologia a seu favor, por exemplo, com o OnSafety é possível coletar os fatores de riscos, identificar o local, associar com os itens das Normas Regulamentadoras e registrar as ações preventivas. Além disso, manter informada sobre o status das ações de melhoria e informar todos os membros da CIPA.
Só não pode deixar de ter este documento. A NR-1 prevê multas para empresas que descumprirem alguma norma regulamentadora, inclusive a NR-5, que trata do Mapa de Riscos.
Quais os níveis de risco?
Os níveis de riscos no mapa são representados por círculos:
- Leve: basicamente um risco pequeno ou médio, desde que controlado.
- Médio: o risco impactante que pode ser controlado.
- Elevado: apresenta alto risco de morte, lesões graves ou doenças ocupacionais. Não pode ser neutralizado ou mesmo ter mecanismos de controle ou redução.
Por outro lado, de acordo com as classificações de risco acordadas, os tipos são coloridos no mapa de risco. Para entender o que cada cor significa, observe o seguinte:
GRUPO | RISCOS | COR DO RISCO | DESCRIÇÃO |
1 | Físicos | Verde | Ruído, vibração, radiação ionizante e não ionizante, frio, calor, umidade e pressão anormal. |
2 | Químicos | Vermelho | Poeira, fumaça, névoa, gás, vapor, produtos químicos em geral. |
3 | Biológicos | Marrom | Vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos. |
4 | Ergonômicos | Amarelo | Trabalho físico extenuante, levantamento e transporte manual de objetos pesados, trabalho que exige postura inadequada, rígido controle de produtividade, ritmo excessivo, trabalho diurno e noturno, longas jornadas de trabalho, monotonia e repetição e estresse psicológico. |
5 | Acidentes | Azul | Arranjo físico inadequado, máquinas ou equipamentos desprotegidos, ferramentas insuficientes ou defeituosas, iluminação, eletricidade insuficiente, risco de incêndio ou explosão, armazenamento insuficiente, animais peçonhentos e outros fatores que possam representar risco de acidente. |
Dentro destes riscos, alguns são específicos do contexto ou da função exercida. Alguns são permanentes em alguns ramos, enquanto outros podem ser evitados, por isso que os mapas de risco não possuem datas de vencimento específicas.
Em diversas situação no ambeinte de trabalho é detectada a existência de diferentes riscos ocupacionais no mesmo local de trabalho. Neste caso, é utilizado a divisão de um círculo conforme a quantidade de riscos em 2, 3, 4 e até 5 partes iguais, cada parte com a sua respectiva cor, procedimento denominado de critério de incidência.
No entanto, deve ser continuamente atualizado em resposta às mudanças nos processos e no próprio ambiente, que podem criar novos riscos que reduzem ou compensam riscos anteriormente existentes.
Como elaborar o mapa de riscos?
O desenvolvimento de um mapa de riscos é um processo qualitativo e participativo. Qualitativo, pois exige que os profissionais que o preparam – sejam da CIPA ou de empresas contratadas para o serviço – tenham uma compreensão mais profunda de cada detalhe dos processos da empresa.
É participativo porque deve envolver os trabalhadores que trabalham no dia a dia da empresa, realizam atividades laborais e têm um conhecimento em primeira mão dos riscos que enfrentam no dia a dia.
Cada empresa precisa de um Mapa de Riscos adequado para a sua atividade industrial, mas alguns itens são comuns a todas, como esses:
- Reunir informações suficientes para montar diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalho do estabelecimento;
- Possibilitar a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores e estimular sua participação nas atividades de prevenção;
- Conhecer o processo de trabalho no local analisado;
- Os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada de trabalho, os instrumentos e materiais de trabalho, as atividades exercidas e o ambiente;
- Identificar os riscos existentes no local analisado;
- Identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia, entre elas: medidas de proteção coletiva, de organização do trabalho, de proteção individual e de higiene e conforto;
- Descobrir as queixas mais comuns entre os funcionários expostos aos mesmos riscos, doenças profissionais já diagnosticadas e causas mais frequentes de ausência no trabalho;
- Ter conhecimento dos levantamentos ambientais já realizados no local;
- O número de trabalhadores expostos aos riscos;
- Especificar os agentes, por exemplo: físicos, químicos, ergonômicos, biológicos ou de acidentes.