Nos dias de hoje a saúde mental de toda a população se tornou um tema bastante relevante, que deve ser debatido e abordado pela sociedade. Apesar de ser um tema que deva ser levado em conta todos os dias do ano, o mês de setembro foi escolhido para ser o setembro amarelo.
Por ser um tema delicado e infelizmente cheio de tabus e preconceitos, esse mês tem uma grande importância em todas as esferas de nossa sociedade, principalmente dentro do trabalho, que nos trás ambientes e situações estressantes diariamente e que pode nos prejudicar.
As mudanças tecnológicas, rotinas de trabalho, a pandemia, pressões econômicas e sociais, conflitos, competitividade, possibilidade de desemprego, entre outros fatores inerente as empresas prejudicam a nossa saúde mental. As doenças mentais são silenciosas e prejudicam as nossas relações profissionais, sociais e familiares todos os dias e geram prejuízos irreparáveis na vida dos indivíduos.
A experiência de trabalhar em home office deve ser associada a cuidados especiais com a saúde mental do trabalhador e devem ser incluídas atividades físicas e sociais para promover o bem-estar dos trabalhadores neste regime de teletrabalho.
O Setembro Amarelo nos mostra o tamanho da importância de falar sobre doenças mentais como, por exemplo, depressão, o transtorno de pânico, a neurose profissional, o alcoolismo crônico, a ansiedade, o estresse, a síndrome do esgotamento profissional (burnout) e o suicídio.
Os transtornos mentais que aumentaram durante o período da pandemia de COVID-19 aparecem no ambiente de trabalho e aumentam os riscos de acidentes de trabalho. Inclusive existe o Projeto de Lei N° 3588/20 que propõem “editar Norma Regulamentadora (NR) com medidas de prevenção e gestão de riscos no ambiente de trabalho que podem afetar a saúde mental dos trabalhadores (riscos psicossociais).”, aprovada recentemente por uma Comissão da Câmara dos Deputados do Brasil.
A prevenção do suicídio entre os nossos trabalhadores deve ser uma abordagem que as empresas devem aumentar a sua frequência e dar mais importância no controle da saúde ocupacional. Introduzir práticas preventivas no ambiente de trabalho aumenta a saúde psicossocial e cria um bem-estar no trabalho. Criamos este post para tratar sobre o assunto, confira.
O que é o setembro amarelo?
Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
O mês Setembro Amarelo é uma grande ação conjunta de diferentes esferas da sociedade. Ele visa levar conscientização e informação para todas as pessoas, possibilitando prevenir novos casos de suicídio por meio da educação e uma conversa aberta sobre esse tema.
É uma campanha muito significativa porque envolve ações de pessoas, entidades, órgãos de saúde, empresas, entre muitos outros. O foco é o cuidado com a saúde mental de pessoas de todas as classes sociais e faixas etárias. A prevenção pode ser iniciada divulgando informações sobre o suicídio e combatendo os fatores que causam transtornos mentais no trabalhador.
Por que o amarelo?
Em 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a própria vida em seu Mustang 1968 amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero de Mike, e a mensagem foi se espalhando mundo afora.
O carro era um Mustang 68, restaurado e pintado de amarelo pelo próprio Mike. Os pais de Mike, Dale Emme e Darlene Emme, iniciaram a campanha do programa de prevenção do suicídio “fita amarela”, ou “yellow ribbon“, em inglês.
Qual a importância do setembro amarelo?
Dados divulgados na página da Campanha de Divulgação e Participação da Campanha Setembro Amarelo® demonstram que:
“São registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.”
Campanha Setembro Amarelo® 2021
A cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida. No mundo, acontece um suicídio a cada 40 segundos: um milhão de vidas que poderiam ser salvas com a abordagem e acolhimento adequados ainda nos primeiros sinais de alerta.
A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que pelo menos nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas com educação e campanhas de prevenção.
Compreendendo a necessidade de mudar esse cenário, surgiu a proposta do mês de conscientização sobre a prevenção do suicídio, o Setembro Amarelo. No Brasil, essa é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida
(CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com adesão de diversas entidades públicas e privadas, além da sociedade em geral, que busca dar visibilidade ao tema, oferecendo informações científicas e contestando os estigmas.
Precisamos falar sobre suicídio nos ambientes de trabalho. Precisamos quebrar o tabu, oferecer espaços de diálogo e acolhimento, compartilhar conhecimento e encontrar novos caminhos para reduzir os números alarmantes de casos. É papel de cada um de nós se engajar pela vida e fazer a sua parte por esta causa, com sensibilidade e compromisso.
A saúde mental no trabalho
Em um mercado cada vez mais competitivo de negócios e profissionais, o acúmulo de pressões aumenta. Manter uma carreira estável é, muitas vezes, sinônimo de estresse, ansiedade e outros tipos de sofrimentos mentais, tornando a saúde mental no ambiente de trabalho ainda mais importante.
Segundo dados da OMS, os transtornos mentais e comportamentais estão entre as principais causas de perdas de dias de trabalho no mundo. Os casos leves causam em média perda de quatro dias de trabalho/ano e os graves cerca de 200 dias de trabalho/ano.
Atualmente, mais de 300 milhões de pessoas sofrem ao redor do mundo com a depressão, sendo esta a principal causa de incapacidade laboral. Mais de 260 milhões vivem com transtornos de ansiedade. Muitas dessas pessoas vivem com ambos os transtornos.
Fatores de risco:
- políticas inadequadas de saúde e segurança;
- más práticas de comunicação e gestão;
- participação limitada na tomada de decisões ou baixo controle sobre a área de trabalho;
- baixos níveis de apoio aos funcionários;
- horas de trabalho inflexíveis;
- tarefas obscuras ou objetivos organizacionais duvidosos.
Como saber se alguém precisa de ajuda?
Falar sobre o assunto é sempre a melhor opção. A maioria das pessoas não costumam compartilhar esse tipo de sentimento, pois ainda enfrentam um grande tabu para lidar com o assunto.
No entanto, existem alguns sinais de alerta que podem salvar a vida de uma pessoa, entre eles podemos destacar:
- Quando perceber que uma pessoa não demonstra mais interesse por coisas que gostava anteriormente;
- Apresentar comportamento retraído, com dificuldades de se relacionar com amigos e familiares;
- Remoer pensamentos de forma obsessiva e sem conseguir parar;
- Desesperança, solidão, impotência e falta de significado na vida;
- Irritabilidade, pessimismo e apatia;
- Alterações extremas de humor, como excesso de raiva, vingança, ansiedade, irritabilidade, pessimismo, apatia e sentimentos intensos de culpa ou vergonha;
- Ter casos de doenças psiquiátricas como: transtornos mentais, de comportamento, personalidade, de humor etc.;
- Falar sobre morte ou suicídio, querer concluir afazeres pessoais e profissionais, doar pertences, visitar vários entes queridos de uma só vez, escrever um testamento, escrever cartas de despedida;
- Entre outros.
Como cuidar da saúde mental dos trabalhadores?
A depressão no trabalho é um assunto de saúde ocupacional e para a Segurança e Saúde do Trabalho demanda mais medidas preventivas e cuidados além dos equipamentos de segurança e de estrutura física nas empresas. É necessário construir um ambiente de trabalho que contribua para a qualidade de vida, reduza o estresse e seja preparado para uma abordagem correta dos riscos psicossociais.
Diversas situações no trabalho podem influenciar no quadro depressivo, as principais são estresse, a cobrança exagerada sobre tarefas e tarefas que o trabalhador não se sinta confortável em fazer, entre outros.
O primeiro passo é compreender que a depressão no trabalho é uma doença ocupacional e que seus funcionários podem apresentar eventos, sintomas ou desenvolver a doença. E, independente da situação é necessário respeitá-los, desenvolver ações preventivas, estabelecer medidas corretivas e cuidar deles para reduzir os impactos na própria saúde ou atitudes mais drásticas.
É essencial que a área de SST se comunique estritamente com a área de recursos humanos, pois estas devem construir um plano que inclua assistência para colaboradores com depressão laboral. O planejamento de uma Gestão de Riscos Ocupacionais (GRO) deve considerar:
- Desenvolver um Programa de Gestão do Estresse;
- Ações que visem manutenção do bem-estar no trabalho;
- Avaliação e melhoria contínua do ambiente de trabalho;
- Monitorar a saúde mental dos trabalhadores como, a depressão no trabalho;
- Promover e manter programas de saúde mental do trabalhadores, principalmente, em momentos de crise;
- Desenvolver Programa de Controle de Doenças Ocupacionais;
- Aplicação e constante avaliação da cultura organizacional e cultura de Segurança e Saúde do Trabalho;
- Incentivo e prática de feedbacks;
- Monitorar o Absenteísmo no Trabalho;
- Treinamento e desenvolvimento de funcionários com cursos, formações e especializações;
- Investimento em planos de saúde;
- Se possível ter um psicólogo da empresa através do SESMT;
- Apoio para buscar ajuda profissional caso seja preciso;
- Respeito com o funcionário que está em tratamento.