O Brasil é um dos países que mais gera resíduos sólidos que quanto a sua origem são classificados como resíduos de limpeza urbana, sólidos urbanos, industriais, da construção civil, de mineração, entre outros. Mas que independente da sua origem todos devemos nos preocupar com a sua disposição final, isto é, realizar de maneira correta e segura o descarte de resíduos sólidos.
A destinação ambientalmente adequada de resíduos sólidos passa pelo uso de estratégias de reutilização, reciclagem, compostagem, recuperação e aproveitamento energético, entre outras, que são administradas pelos órgãos públicos de modo a evitar danos ou riscos à saúde e segurança pública e meio ambiente.
Para reduzir os impactos em todas as dimensões é necessário que o descarte de resíduos sólidos seja realizado de forma correta e segura. Um dos principais objetivos é evitar que os resíduos sólidos cheguem aos aterros sanitários e a melhor forma é a reciclagem, a reutilização e redução do consumo desenfreado da população.
Dados do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR), referentes a 2019, indicam que a Construção Civil nas construções, reparos e demolições de obras da classe econômica A, geraram 71 milhões de toneladas de massa de resíduos e que apenas 845 mil toneladas tiveram a reciclagem como destinação adotada para os resíduos da construção civil.
O crescimento do consumo da população também vem provocando nas indústrias um aumento do volume de resíduos sólidos industriais (embalagens, componentes, materiais etc.) que são gerados pelos processos de transformação, resíduos que muitas vezes põem em risco a vida de pessoas e animais e geram impactos ambientais adversos.
Em 2020, foram identificados 62 municípios com atividades industriais potencialmente perigosas. Isto é, existem processo produtivos em empresas que geram resíduos industriais perigosos, totalizando 41,7 milhões de Kg de resíduos gerados. Além disso, 12 municípios tem empresas que armazenam 394,6 milhões de Kg de resíduos industriais e existem apenas 56 municípios que reciclam 41,3 mil Kg de resíduos industriais.
É comum que em muitos tipos de indústrias sejam gerados resíduos perigosos para o ambiente em seu redor, situação essa que pode causar acidentes e degradação ambiental devido ao descarte inadequado, aliás, degradação ambiental que vem aumentando muito nos últimos anos e deve ao máximo ser contida.
O descarte dos resíduos sólidos também deve ser pensando do ponto de vista da Segurança e Saúde do Trabalho dos profissionais que atuam na coleta, triagem e reciclagem de resíduos gerados. Em 2022, segundo o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), no Brasil, existiam cerca de 800 mil pessoas que garantem a sua renda a partir da separação de lixo reciclável.
Levando em conta o impacto social, econômico e ambiental que o descarte de resíduos sólidos representa, trouxemos neste artigo a maneira adequada de fazer o descarte de resíduos, acompanhe a seguir.
Os efeitos do descarte de resíduos inadequado
O descarte incorreto de resíduos traz inúmeros riscos, tanto à saúde e segurança do trabalhador ou pessoas que atuam na coleta, separação ou reciclagem. Ainda, representa um risco ao meio ambiente e aos animais. Na saúde humana os efeitos do descarte de resíduos inadequado são:
De curto prazo
- Irritações nos olhos e na pele;
- Queimaduras;
- Cortes e escoriações;
- Problemas respiratórios;
- Dores de cabeça;
- Náusea e vômitos;
De longo prazo
- Problemas comportamentais;
- Câncer;
- Problemas genéticos passados por gerações;
- Doenças crônicas.
Já no meio ambiente, os efeitos decorrentes do descarte inadequado são relacionados com:
Poluição do ar
A poluição do ar é um dos impactos ambientais mais graves. Embora os resíduos não tenham um impacto sério na saúde respiratória, a má qualidade do ar pode levar à asma e outras doenças.
Também é muito difícil evitar a poluição do ar. O primeiro passo em uma emergência geralmente é ficar dentro de casa, mas o ar contaminado acabará entrando de um jeito ou de outro. E limitar o impacto é quase impossível. Fumaça ou partículas podem ser transportadas para longe da fonte original devido às condições climáticas.
E além de tudo isso, remover os poluentes do ar é basicamente impossível.
Contaminação de lençóis freáticos
Outro dos principais efeitos que o descarte de resíduos inadequado pode causar é a contaminação das águas dos lençóis freáticos. Principalmente no caso dos produtos químicos que podem se infiltrar no solo se descartados incorretamente.
Além disso, este efeito impacta tanto no meio ambiente quanto na saúde humana, pois utilizamos essa água para consumo, seja para irrigar plantações de alimentos que iremos comer e comercializar por meio do agronegócio ou simplesmente para beber mesmo.
Porém, aqui, ao contrário da poluição do ar, há mais possibilidades para que os poluentes sejam removidos, apesar de ser um processo caro e complicado.
Impacto na fauna e na flora
Além dos dois grandes e mais gerais efeitos que podem ser causados pelo descarte de resíduos indevidos, o impacto na fauna e na flora também causa grandes problemas.
Dependendo do tipo de resíduo, animais podem comê-lo por engano, um problema que pode tomar grandes proporções quando pensamos na cadeia alimentar, ou seja, um resíduo mal descartado pode impactar não só na vida do animal que o consumiu.
Inclusive é muito comum encontrarem resíduos plásticos em animais marinhos que acabam consumindo-os por engano.
Já na flora o impacto também é grande, áreas de mata, principalmente a ciliar sofrem contaminações e podem se tornar inabitáveis para os animais que ali viviam.
Como fazer o descarte de resíduos corretamente?
O descarte sempre vai depender do tipo de resíduo que você está lidando, para isso os resíduos possuem uma classificação: Resíduos perigosos (Classe I), resíduos não perigosos não inertes(Classe II A) e resíduos não perigosos inertes(Classe II B).
Os resíduos de Classe I são os inflamáveis, tóxicos, corrosivos ou que possuam patógenos, os de Classe II A são resíduos que não se encaixam na primeira classe e são menos perigosos seja por serem biodegradáveis ou solúveis em água por exemplo, já os de Classe II B são resíduos que não contaminam.
Pela classificação conseguimos destinar os resíduos para locais adequados às suas classes, alguns meios de descarte são:
- Aterramento: O aterramento deve ser impermeável e é o principal destino para diversos tipos de resíduos das 3 Classes;
- Coprocessamento: Transformação dos resíduos em combustível para fornos de cimento, este processo não gera gases poluentes;
- Incineração: Também um meio de descarte para os de Classe I, onde eles são incinerados;
- Reciclagem: O melhor destino para os resíduos de Classe II B, classe que o lixo comum se enquadra inclusive, é feita a partir da separação adequada dos resíduos e a destinação final sendo a reutilização deles em uma ampla gama de objetos.
- Beneficiamento de resíduos: óleos e resíduos sólidos, são destruídos de maneira térmica, gases passam por tratamentos durante o processo de separação e queima do óleo, métodos que tem a função de eliminá-los.
Em todas as situações que o trabalhador está exposto ou tem um contato direto com os resíduos sólidos é necessário que use Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados as atividades realizadas para a coleta, separação e reciclagem. São ações preventivas que evitam a contaminação por bactérias, surgimentos de doenças e reduzem a probabilidade de contaminação.
