O número de contaminados e óbitos por causa da COVID-19 ainda continua crescendo globalmente, apesar de alguns países terem alcançado resultado ou progresso significativo, outros ainda estão reféns do vírus e demonstram baixo resultado efetivo no controle dos ambientes ou meios de transmissão e consequentemente vem afetando a saúde da população. Neste blog discutiremos sobre a transmissão aérea da COVID-19 no ambiente de trabalho.
A FIOCRUZ no Brasil demonstra que em 23/07/2020 já existiam mais de 2,2 milhões de casos acumulados e 84,2 mil óbitos acumulados demonstrando que a população brasileira continuava exposta ao risco evidente de contaminação do vírus COVID-19.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem estudando vários modos de potencial transmissão do COVID-19, incluindo gotículas no ar ou em aerossol, mas também outros meios ou canais de transmissão como, por exemplo, de mãe para filho e de animal para humano.
O vírus pode afetar qualquer pessoa desde recém nascidos até idosos. E, a medida que o isolamento é reduzido e a quantidade de pessoas que passa a circular é maior nos meios de transporte, fábricas, comércio, supermercados, shoppings, parques, prais, festas, entre outros locais, a probabilidade de ser contaminado também aumenta.
Para reduzir a propagação e reconhecendo que existe uma transmissão aérea da COVID-19, 239 cientistas de 32 países publicaram uma carta aberta (It is Time to Address Airborne Transmission of COVID-19) à OMS para que a entidade reconheça oficialmente o potencial significativo que existe de inalar o vírus a curtas e médias distâncias ( 1 – 2 metros) ou até vários metros em ambientes fechados e sem ventilação.
Os cientistas destacam que pesquisas evidenciam que a transmissão aérea é o mecanismos mais provável que explica infecções em diferentes locais com aglomeração de pessoas e com ventilação inadequada. As pesquisas observam que em velocidades típicas do ar em um ambiente interno, uma gota de 5 μm viajará dezenas de metros e se instalam a uma altura de 1,5 m do chão. A probabilidade de contaminação aumenta também quando existe um período prolongado de exposição ao vírus.
Distribuição de micropartículas respiratórias em ambiente interno com (a) ventilação inadequada e (b) ventilação adequada – Fonte: Lidia Morawska e Donald K. Milton (2020)
Em outras palavras além de continuar com práticas de higiene pessoal (lavagem das mãos), uso de álcool gel, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), limpeza e desinfecção dos locais, distanciamento social e uso de máscaras de tecido, entre outras práticas, é necessário adotar procedimentos e mecanismos adequados para promover uma ventilação eficiente no local e bloquear a transmissão da COVID-19 pelo ar.
Medidas Recomendadas para Bloquear
Adotar medidas para prevenir a contaminação nos ambientes de trabalho é fundamental para um retorno seguro dos nossos trabalhadores nos postos de trabalho. As medidas devem ser preparadas para atender diversas demandas ou necessidades dos trabalhadores, desde um controle diário das condições de saúde até o apoio externo ao trabalho nas situações que venha a manifestar a doença ocupacional COVID-19.
É um contexto que também deve ser associado com a necessidade de retomar as atividades econômicas para reduzir os impactos negativos para a sociedade nos próximos dias como, por exemplo, o crescimento das taxas de desemprego, aumento da economia informal, aumento da subnotificação de acidentes de trabalho, piorar a saúde mental da população economicamente ativa e a qualidade de vida da população acima dos 65 anos, entre outros aspectos.
Neste momento, o princípio da precaução deve ser adotado para diminuir a propagação da COVID-19 e os profissionais da Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) devem assumir a liderança no desenvolvimento e implantação de medidas preventivas nos ambientes de trabalho. Os pesquisadores destacam que as medidas que devem ser tomadas para mitigar o risco de transmissão aérea da COVID-19 incluem:
- Forneça uma ventilação suficiente e eficaz, particularmente em edifícios públicos, ambientes de trabalho, escolas, hospitais e lares de idosos.
- Trocar a ventilação de ar-condicionado por mecanismos que troquem o ar do ambiente por ar limpo utilizando, por exemplo, exaustores e filtros de ar de alta eficiência e luzes ultravioletas germicidas.
- Evitar a superlotação ou concentração de pessoas, principalmente, em transportes públicos, edifícios públicos ou espaços com baixo nível de circulação de ar.
- Adote procedimentos de abrir e manter portas e janelas para aumentar o fluxo ou a circulação do ar no ambiente de trabalho.
- Evite usar sistemas mecânico de circulação de ar para aquecimento, ventilação e/ou climatização, conforme recomendações ou declarações das próprias agencias internacionais dos Estados Unidos (ASHRAE) e Europa (REHVA).
A introdução dessas práticas e o fortalecimento de outras ações mais simples e fáceis de implantar e controlar, anteriormente, recomendadas pela própria OMS para prevenir a transmissão entre os trabalhadores ou a população, continuam sendo fundamentais, entre as quais a Equipe OnSafety reforça:
- Identificar os casos suspeitos o mais rápido possível, testar e isolar todos os casos (pessoas infectadas) em locais apropriados.
- Identificar e colocar em quarentena todos os contatos próximos de pessoas infectadas e testar os que desenvolverem sintomas para que possam ser isolados se estiverem infectados e precisarem de tratamento.
- Uso das precauções para contato e gotículas pelos profissionais da saúde que cuidam de pacientes com suspeita ou confirmação de COVID-19, e uso de precauções para aerossol quando procedimentos que geram aerossóis forem realizados.
- Uso contínuo de máscara cirúrgica pelos profissionais de saúde e cuidadores que trabalham em todas as áreas clínicas, em todas as atividades de rotina durante todo o turno.
- Praticar continuamente a higienização frequente das mãos, o distanciamento físico, quando possível, e a etiqueta respiratória;
- Evitar locais com aglomeração de pessoas, locais onde haja contato próximo e espaços confinados ou fechados e mal ventilados; usar máscaras de tecido quando estiver em espaços fechados e com superlotação para proteger os outros; e garantir uma boa ventilação do ambiente em todos os locais fechados e limpeza e desinfecção adequada do ambiente.
O equilíbrio entre a saúde da população e a sobrevivência econômica é um desafio para todos os stakeholders (atores) dos sistemas de governança que envolvem o governo federal, estadual e municipal. Isso também é responsabilidade das empresas, trabalhadores, investidores, agências, bancos e Conselhos de Desenvolvimento Econômico. É com a colaboração de todos que será possível estabelecer um plano de ações coletivo que realmente seja eficaz para garantir a saúde da população e a economia.
A adoção dessas medidas também garante mais segurança e ganham mais importância a medida que os países começam a abrir ou reabrir as economias e as pessoas voltam aos locais de trabalho e alunos e universidades voltam as aulas. Esperamos que as informações sejam consideradas pelos profissionais da SSO para adicionar novas medidas preventivas e possam salvar vidas e reduzir os impactos negativos da pandemia.
