Para uma empresa ser produtiva nada tem mais importância do que a saúde e a segurança dos seus trabalhadores. Pesquisas conduzidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) demonstram que a elevada demanda de trabalho, a falta de apoio da Direção, os problemas ergonômicos, a falta de controle dos níveis de exposição aos riscos ocupacionais, entre outros fatores, provocam um estresse mental e aumentam os riscos de desenvolver doenças ocupacionais e sofrer acidentes de trabalho, levando ao absenteísmo dos trabalhadores na empresa.
O tamanho do impacto econômico do absenteísmo pode ser estabelecido a partir da Quantidade de Benefícios Previdenciários Acidentários (Auxílio Doença por Acidente do Trabalho – B91), que tem uma taxa média de 225.499 benefícios por ano, com uma variação de 79.328 benefícios por ano durante o período de 2000 até 2020, e que apenas no ano de 2020, foram concedidos 72.328 benefícios por afastamentos decorrentes de acidentes do trabalho e que geraram uma despesa de 1,7 bilhões de reais.
No ano de 2020 foram totalizados 12,3 milhões de dias perdidos com o absenteísmo dos trabalhadores em decorrência dos afastamentos por doenças do trabalho e que desde 2012 já acumulamos 427,7 milhões de dias perdidos, conforme dados publicados pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho (SmartLab).
O absenteísmo por agravos causados na saúde dos trabalhadores é mais recorrente entre os trabalhadores que desenvolvem funções como, por exemplo, de alimentador de linha de produção, responsável por 5%, seguidos por motoristas de caminhão, com 4%, servente de obras, faxineiro, vendedor de comércio, que totalizam 9% de afastamentos, e pedreiro e auxiliar de escritório que somam mais 4%. No total as 7 ocupações representam 31% dos afastamentos e significa que ocorreram mais de 575,9 Mil afastamentos de colaboradores registrados nas empresas no período de 2012 a 2020.
Ao absenteísmo causado pelos acidentes de trabalho também podemos somar os afastamentos das atividades profissionais decorrentes pela falta de frequência do trabalhador por motivos justificados, injustificados, atrasados no horário de entrada, conflitos pessoais ou relacionados com a família ou outros fatores que os trabalhadores também relatam ou apresentam para se ausentar do local de trabalho.
Para poder reduzir o índice do absenteísmo é necessário que seja encarado como um problema das empresas e que também pode ser um indicativo de que a saúde ocupacional da empresa está sendo deixada de lado, por isso iremos tratar sobre este assunto no post a seguir, confira!
O que é absenteísmo?
As palavras absenteísmo ou absentismo ou ausentismo são utilizadas para designar a falta do trabalhador ao ambiente de trabalho. É considerado como o período de ausência laboral dos seus deveres e obrigações laborais ou do ambiente de trabalho, sendo padrão decorrer por faltas justificadas e validadas por um atestado médico ou documentos que caracterizam a incapacidade do trabalhador. O termo também pode ser usado para determinar a soma de ausência (períodos) de um trabalhador em seu ambiente de trabalho por atrasos, independendo do motivo (Flores, et al., 2016 Oenning, et al., 2012; Miguez, 1979).
Ou seja, o absenteísmo nada mais é que a falta e os atrasos dos trabalhadores em suas empresas, o que pode prejudicar o desenvolvimento profissional dos trabalhadores e a produtividade de toda a equipe, além de ser um alerta pois as faltas podem vir por motivos de saúde ou de um ambiente de trabalho com uma elevada frequência e/ou gravidade de acidentes de trabalho e/ou fatores organizacionais que afetam negativamente o local de trabalho.
Para pesquisadores “o evento adoecimento associado à ausência ao trabalho, torna-se relevante para a Saúde do Trabalhador”, assim como, para o gestores, líderes e encarregados do ambiente de trabalho (Flores, et al., 2016 Oenning, et al., 2012; Miguez, 1979). Para poder entender melhor o fenômeno de absenteísmo é necessário analisar os fatores do ambiente de trabalho como, por exemplo, hábitos dos trabalhadores, líderes, encarregados, chefes, habilidades e conhecimento sobre as atividades realizadas pelo trabalhadores, clima do trabalho, saúde do trabalhador, métodos de produção, entre outros.
Tipos de absenteísmo
No dia a dia das empresas é importante conhecer o ambiente de trabalho, o clima organizacional, garantir a segurança e saúde do trabalho, incentivar programas de valorização do trabalhador, estabelecer diretrizes transparentes, apoiar os trabalhadores, entre outras soluções que reduzam os índices de absenteísmo na empresa.
Em toda empresa há alguns trabalhadores que chegam atrasados, faltam com frequência, por quaisquer que sejam os motivos e isso acaba prejudicando a produtividade e custos da empresa. E várias situações ainda há quem falte por motivos de saúde e esse fato é um dos que mais devemos nos preocupar e buscar resolver com medidas preventivas.
Justamente pelo fato do absenteísmo possuir diversos motivos, podemos identificar tipos diferentes de absenteísmos, que são:
Absenteísmo justificado
É o absenteísmo válido pela legislação trabalhista, por assim dizer. É quando o trabalhador falta ao trabalho por motivos de saúde e apresenta comumente um atestado médico, geralmente é por motivos de consulta com o médico, realização de exames médicos, tratamento da saúde, acompanhamento de pessoas doentes ou pela licença maternidade e/ou paternidade, entre outros.
Para Miguez, pesquisador do absenteísmo no meio industrial, as ausências justificadas são consideradas legítimas quando é possível associar as faltas com as suas determinantes externas à organização (ex.: obrigações cívicas, doença de um familiar…, conhecido como absenteísmo legal) ou internas (ex.: acidente de trabalho, greves, doenças da patologia da atividade profissional, definido como absenteísmo por patologia profissional e/ou por doença).
Absenteísmo injustificado ou voluntário
É quando o absenteísmo ocorre de forma imprevisível, quando o trabalhador se ausenta sem nenhuma permissão e sem avisar a empresa, normalmente acontece em atrasos, mas também pode ser causado por acidentes, problemas em casa ou conflitos internos, refletindo muitas vezes as ações tomadas inclusive no absenteísmo justificado.
Podemos considerar também que são ausência evitáveis ou voluntárias que envolvem o exercício ou motivo de interesse apenas do trabalhador que se ausenta.
Absenteísmo compulsório
É a ausência do local de trabalhado quando o trabalhador recebe uma suspensão, por motivos judiciais ou outro motivo que o impeça de chegar ao trabalho.
Absenteísmo emocional
Este é o tipo mais complexo e mais difícil de se identificar, pois se trata de quando o trabalhador não falta efetivamente o trabalho, ou seja, ele está presente na empresa fisicamente, porém não “emocionalmente”, ocorre, geralmente, quando por algum motivo emocional o trabalhador não consegue desempenhar seu papel corretamente.
Como calcular o absenteísmo
Na literatura relacionada ao tema de absenteísmo existem diversas propostas para calcular o índice de absenteísmo. E, comumente se adota como regra uma relação entre as horas de abstenção no trabalho e a jornada de trabalho (horas que deveriam ser trabalhadas dentro de um período), determinada conforme segue (Flores, et al., 2016):
Índice de Absenteísmo (%) = [Faltas no Período / Número de Trabalhadores * Dias Úteis Trabalhados] * 100
Índice de Frequência (%) = [Número de Casos por Tipo de Absenteísmo / Número Total de Trabalhadores ] * 100
Além do Índice Global de Absenteísmo e Índice de Frequência por Tipo de Ausência, no ambiente de trabalho podemos avaliar o absenteísmo de outras formas como, por exemplo, Índice de Segunda-feira (Calcula-se este índice diminuindo as ausências ocorridas na segunda-feira das de sexta-feira), Índice do pior dia (é obtido pela diferença entre o dia com mais ausências e o com menos ausências) e/ou Índice de Ausência de Curta Duração (número de ausências inferiores a um intervalo de tempo durante um período determinado).
Como reduzir as faltas?
A maneira mais eficiente para se reduzir o absenteísmo é identificando as causas e agindo nelas, como já dito, estas causas podem variar de uma simples desmotivação a problemas de saúde, nesse caso, conhecer os trabalhadores é essencial para identificar os motivos das faltas.
Sendo a desmotivação no trabalho uma das causas de faltas e também de baixa produtividade, evitá-la é essencial, para isso investir em um bom ambiente de trabalho e traçar estratégias de motivação pode ser uma boa opção, coisas como plano de carreira, um bom clima organizacional e benefícios são ótimas estratégias.
Faça uma pesquisa no ambiente de trabalho e procure como os trabalhadores estão se sentindo em relação a seu trabalho e procure atender as solicitações deles e resolver os problemas encontrados, mostrando que a empresa se importa com o bem estar de seus trabalhadores.
Além de pesquisa para identificar possíveis problemas como, por exemplo, o consumo de álcool ou outras substâncias químicas que prejudicam a saúde do trabalhador. É comum também os distúrbios mentais provocar a ausência do trabalho, assim como esse período de pandemia que a sociedade está passando e em todas as situações será necessário adotar medidas de prevenção como:
Estimule o respeito e não competitividade entre os trabalhadores
Uma relação de competitividade entre os colaboradores pode ser extremamente maléfica para a empresa, deixando o clima do ambiente pesado e desagradável, levando muitos trabalhadores a se desligarem da empresa por não se sentirem confortáveis neste tipo de ambiente.
É fundamental ficar claro que os colaboradores não são adversários uns dos outros, eles devem trabalhar em parceria para que os resultados atingidos correspondam às metas da organização.
Cada um deve respeitar o trabalho do outro, independentemente do nível dentro da hierarquia da empresa. O fato de ocupar um cargo mais elevado e mais bem remunerado não dá a ninguém o direito de desvalorizar o trabalho de outra pessoa.
Dê atenção à segurança dos trabalhadores
O crescimento dos índices, tanto em número de acidentes de trabalho, morte e benefícios concedidos se tornam métricas que motivam cada vez mais a fiscalização do ambiente de trabalho por diversos agentes. Neste cenário, a falta de investimentos na Segurança do Trabalho é considerada a principal causa para ter estatísticas elevadas de acidentes de trabalho.
Evitando acidentes, você evita também afastamentos e autuações trabalhistas, além de que, um trabalhador seguro e consciente dos riscos ao qual está exposto é um trabalhador mais confiante e motivado para suas tarefas.
Ouça e mantenha uma boa comunicação dentro da empresa
Ouvir diferentes opiniões também garantirá um melhor ambiente de trabalho. Encoraje os trabalhadores a expor suas ideias e darem sugestões para que haja uma comunicação plena e efetiva em seu ambiente de trabalho.
As informações devem ser passadas de maneira eficiente e os trabalhadores devem ter uma comunicação entre si, uma equipe que não conversa, acaba sendo uma equipe desmotivada, sem sensação de pertencimento.
Estimule essa comunicação com práticas como o DDS, comemoração de metas batidas e reuniões em datas comemorativas e confraternizações.
A relação entre o absenteísmo e a saúde ocupacional
O padrão de faltas no trabalho pode ter diversas causas, ele pode acontecer por falta de motivação por parte do trabalhador, por ele estar considerando que o ambiente de trabalho não está tão bom e, além disso, o mais preocupante, o trabalhador pode estar faltando por motivos de saúde como, por exemplo, decorrentes de riscos ergonômicos que causam doenças no sistema osteomuscular, dor na lombar, etc.
As doenças do trabalho podem influenciar para que os trabalhadores não cumpram suas funções e faltem com frequência, por isso os cuidados com a saúde ocupacional e a manutenção de uma cultura de SST é de suma importância para o bem estar dos colaboradores.
Com os devidos cuidados, o trabalhador dificilmente ficará desmotivado e doenças são evitadas, fazendo com que o trabalhador seja assíduo e desempenhe suas funções adequadamente, agir preventivamente diminui faltas, principalmente as ligadas à saúde.
O que a lei diz sobre?
De acordo com a CLT, o absenteísmo é caracterizado por:
- faltas injustificadas ao serviço;
- atrasos, saídas antecipadas ou intermediárias (artigo 58 da CLT);
- suspensões disciplinares (artigo 482 da CLT);
- horas de atestado ou absenteísmo involuntário, assim determinado;
- atestados médicos parciais ou integrais do empregado (artigo 11 do Decreto 27.048/49), causados por doenças comuns (artigo 72 do Decreto 27.048/49), ocupacionais ou acidentes do trabalho (anexo IV do Decreto 3.048/99); e
- atestados médicos parciais ou integrais para acompanhamento de filhos (Precedente Normativo nº 95 do TST), entre outros.
As punições para casos de absenteísmo de acordo com a CLT são:
- advertências;
- suspensão por até 30 dias (artigo 474 da CLT);
- em casos mais graves pode acarretar em dispensa por justa causa. Para as situações em que o absenteísmo for caracterizado abandono de emprego. O abandono se configura após 30 dias de faltas injustificadas ao serviço.
Prejuízos do absenteísmo
Segundo o IGBE, no ano de 2013, 14 milhões de pessoas faltaram ao trabalho por motivos de saúde. Isso comprova que inúmeros trabalhadores precisam se ausentar, em algum momento, por problemas na saúde, tanto corporal quanto mental.
Prejuízos em decorrer desse fato são inevitáveis, pois a produtividade das empresas perde com faltas, pois menos colaboradores estão trabalhando, o que acaba até sobrecarregando outros trabalhadores e piorando ainda mais a situação, pois além de desmotivar quem está sobrecarregado, aumenta o estresse.
Além disso, os custos da empresa também podem aumentar, em casos de doenças com um afastamento longo por exemplo, pode acarretar em indenizações, pode ser necessário a contratação de trabalhadores temporários e também possíveis gastos com hora extra dos demais.
O absenteísmo não é algo bom nem para a empresa e nem para o trabalhador, por isso evitá-lo cuidando do bem estar dos trabalhadores é essencial!