Produtos químicos: Como evitar a exposição a eles

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Um dos principais riscos ocupacionais que os trabalhadores enfrentam diariamente nos ambientes de trabalho é a exposição aos produtos químicos. A exposição aos produtos químicos é caracterizada a partir do levantamentos dos riscos químicos que prejudicam à sua saúde e à integridade física dos trabalhadores como, por exemplo, os profissionais que trabalham na fabricação, transporte, armazenamento e aplicação de agrotóxicos nas plantações.

Os dados disponibilizados pelo Ministério da Economia – Secretaria de Trabalho e processados pelo Observatório de Segurança e Saúde do Trabalho (SmartLab) demonstram que no período de 2012 a 2018, foram registrados 484.904 acidentes relacionados a agentes químicos, assumindo a 2a. colocação de uma lista com 23 grupos de agentes causadores. E, as principais partes do corpo frequentemente atingidas são os dedos em 32% das ocorrências, mão (exceto punho ou dedos) com 10%, olho e pé com 9%, respectivamente, e antebraço com 4%, totalizando cerca de 64% dos registros no período.

Grupos de Agentes Causadores – Período: 2012 – 2018. Fonte: SmartLab (2021).

É possível também verificar que no período de 2017 – 2018, foram registradas 118.773 CAT’s ou realizados Comunicados Acidentes de Trabalho, nos quais o principal Grupo de Agente Causador é o Químico. E, 41% dos registros foram concentrados em 12 profissões ou ocupações profissionais tais como, o técnico de enfermagem, o alimentador de linha de produção, faxineiro, servente de obras, coletor de lixo domiciliar, entre outros grupos de trabalhadores.

Ocupações com Mais Acidentes de Trabalho 2017 – 2018 – Agente Causador: Químico Fonte: SmartLab (2020)

É um cenário que demostra a importância e precariedade que existe na avaliação e controle das exposições ocupacionais aos agentes químicos nos ambientes de trabalho. Além disso, indica a oportunidade dos profissionais da área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) atuar com o desenvolvimento e implantação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), conforme proposto pela NR 01.

Quando os trabalhadores estão expostos aos produtos químicos é necessário fazer um levantamento dos níveis de exposição, planejar as medidas preventivas que reduzam ou eliminem a exposição no ambiente de trabalho como, por exemplo, a implantação de EPC’s (Equipamentos de Proteção Coletiva) e EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual). E, além disso, estabelecer ações de monitoramento dos agravos da saúde dos trabalhadores decorrentes dos níveis de exposição, a frequência de acidentes de trabalho e a severidade de um determinado evento no ambiente de trabalho.

Isto é, a análise das exposições dos trabalhadores aos agentes químicos é um processo que demanda coletar informações sobre: a) atividades industriais; b) identificação do agente e formas de exposição; c) possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposições identificadas; d) fatores determinantes da exposição; e) medidas de prevenção já existentes; e f) identificação dos grupos de trabalhadores expostos (NR 09).

A prevenção e a informação são os principais fatores para evitar que perigos ou fator de risco ocupacional ou fonte de risco ocupacional (produtos químicos) gerem lesões ou agravos à saúde em seu ambiente de trabalho, por isso preparamos este post com tudo sobre este assunto, confira a seguir!

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Riscos Relacionados aos Produtos Químicos

A segurança química foca a definição das medidas de controle para a prevenção dos efeitos causados pela exposição dos trabalhadores aos agentes químicos nos ambientes de trabalho. Agentes químicos são definidos como substâncias que apresentam a capacidade de o organismo absorver por meio das vias respiratórias, contato ou ingestão e, consequentemente, a absorção gera problemas para a saúde do trabalhador. Nos ambientes de trabalho, o risco químico trata-se da ameaça sofrida ao manipular, transportar e armazenar componentes químicos para a execução ou soluções químicas utilizadas em processos industriais (SILVA e VALENTE, 2012).

A NR 09 cita que os agentes químicos são substâncias ou compostos que podem penetrar no organismo por meio da respiração, em forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou também, dependendo da atividade que é realizada e da maneira que o agente é manipulado possam ter contato ou ser absorvidos através da pele ou até mesmo por ingestão. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), mantém uma lista atualizada de produtos químicos caracterizando o nome do produto, número CAS, sinônimos, assim como, uma ficha de respostas ou medidas que devem ser adotadas quando de emergência química.

A contaminação a partir de um produto químico pode acontecer por meio de contato com a pele, inalação ou ingestão e esta contaminação pode acabar causando problemas de acordo com os tipos de agentes, que são os asfixiantes, anestésicos, tóxicos, cancerígenos, irritantes, corrosivos, inflamáveis e alergênicos. Pesquisas realizadas por pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) demonstram que uma das principais doenças ocupacionais são as dermatites de contato ocupacionais, comumente, associadas com a exposição de compostos químicos.

Na pesquisa é destacado que existe uma tendência de crescimento no número de casos relacionados às dermatites de contato e decorre a partir da “crescente quantidade de produtos químicos com novas formulações que vêm sendo desenvolvidos constantemente, cujos efeitos individuais não são totalmente conhecidos”. Na amostra analisada pelos pesquisadores identificaram que os trabalhadores com maior frequência são os que desenvolvem atividades relacionadas a Limpeza 18 (15,93%), Porteiro 9 (7,96%), Pedreiro/Servente 9 (7,96%), Padeiro 6 (5,31%), Relacionado à Artes Plásticas 5 (4,42%), Atividades Domésticas 4 (3,54%), entre outros.

O uso cada vez maior de produtos químicos pela indústria também é observado pela CETESB e reflete inclusive no número crescente de acidentes com produtos químicos que foram considerados como emergências químicas, causados principalmente durante o transporte rodoviário, que representou 56,06% do total de 2093 emergências químicas apenas no Estado de São Paulo no período de 2015 a 2021.

Grupos Causadores de Emergências Químicas no Estado de São Paulo – Período 2015-2021. Fonte: CETESB (2021).

Para reduzir os níveis de exposição aos produtos químicos ou reduzir o impacto de emergências químicas é fundamental que profissionais da área de SSO desenvolvam as medidas preventivas e de controle das fontes geradoras dos riscos, reduzam o impacto na saúde do trabalhador e possíveis impactos que um acidente com produto químico pode causar para a saúde e segurança da população, trabalhador e/ou ambiente.

Como Evitar a Exposição?

Para que se evite a exposição é necessário reconhecer o risco no ambiente de trabalho, reconhecimento este que deve ser conduzido no âmbito do programa de gerenciamento de riscos ocupacionais com o objetivo de tornar mais efetivo o próprio gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO). A partir do reconhecimento e avaliação dos riscos as medidas preventivas já podem começar à serem adotadas.

Durante o reconhecimento dos riscos químicos, uma avaliação deles é necessária para definir se realmente fornecem riscos à saúde do trabalhador exposto, os seguintes tipos de avaliação devem ser seguidos:

Avaliação Quantitativa: Esta análise só é feita em substâncias das quais hajam, previamente, dados disponíveis sobre a relação dose/efeito, cada agente deve ser avaliado separadamente, para cada um, é necessário determinar qual sua concentração no ar dentro do ambiente.

Avaliação Qualitativa: Este tipo de avaliação só é feita em caso de agentes dos quais não foram definidos os limites de exposição ocupacional, levando em conta a natureza do agente e sua concentração.

Para o processo de medição dos agentes químicos deve inicialmente ser considerado que a distribuição das concentrações segue uma distribuição normal (curva de Gauss), ou seja, a concentração segue distribuição lognormal. As principais características dos procedimentos de avaliação da exposição são: Coletar dados do processo produtivo e da planta industrial; Identificar os Grupos Similares de Exposição; Selecionar medidas de controle para situações de risco e Determinar agentes químicos para a avaliação quantitativa (CARVALHO, 2018).

Em seguida, é definido o método de coleta e calculado os Valores de Referência para Ambientes de Trabalho (VRAT) e determinados os níveis de exposição do trabalhador. A análise é realizada a partir da comparação dos níveis de exposição medidos e as referências estabelecidas pelas Normas Regulamentadoras (NR’s) ou limites de tolerância definidos pela ACGIH –American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH, 2019).

A determinação das concentrações de agentes químicos em ambientes de trabalho, tanto em fase gasosa, como na forma de material particulado, para fins de avaliação da contaminação dos locais de trabalho e da exposição de trabalhadores, individualmente ou organizados em grupos, são fundamentais para adotar medidas preventivas mais eficientes que reduzam os riscos da exposição e acidentes de trabalho nas indústrias.

As exposições quantitativas dos níveis de exposição são utilizadas para realizar uma comparação com o Valor Máximo Permitido (VMP) possível de concentração para o produto químico. Neste caso, é determinado o Valor de Referência para Ambientes de Trabalho (VRAT) para determinar a concentração do agente químico e esse valor é classificado em três tipos: VRATMPT (Média Ponderada no Tempo – concentração média ponderada permitida para uma jornada de no máximo 8 horas por dia e 48 horas por semana), VRATTeto (O valor máximo de concentração permitido) e VRATCD (Curta Duração – concentração máxima permitida quando analisados períodos menores, em geral 15 minutos) (CARVALHO, 2018). Além disso, a avaliação quantitativa das exposições ocupacionais permite estabelecer um controle a partir dos TLVs®-TWA (Threshold Limit Value – Time Weighted Average) da ACGIH (ACGIH, 2019).

A atividade quantitativa das exposições ocupacionais ao agente químico deve ser realizada para: a) comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes identificados; b) dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de trabalhadores; c) subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção (NR 09, 2020). Neste caso, os resultados das avaliações devem ser incorporados ao inventário de riscos do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) (NR 01, 2019).

A NR 09 (2020) também destaca que as avaliações das exposições ocupacionais devem ser registradas pelas indústrias, conforme os aspectos específicos constantes nos próprios anexos de Normas Regulamentadoras. No contexto industrial os principais problemas ou desafios dos profissionais que atuam na área de SST são: o custo elevado do serviço (decorrentes de equipamentos caros e o próprio custo da matéria prima para as análises), FISPQ incompleta ou sem informação necessária, falta de profissional qualificado para as avaliações químicas e poucos laboratórios de Higiene ocupacional.

A partir da identificação e a avaliação dos riscos é hora de efetivar a prevenção, que pode ser praticada por meio do uso de EPC’s e EPI’s. A definição do plano de ações também é exigência básica do PGR e que cada vez mais os profissionais da SSO devem se preparar para gerenciar e usar tecnologias que automatizam o gerenciamento de riscos ocupacionais.

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