Como Prevenir as Lesões de LER / DORT?

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As incidências de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) vem crescendo entre os trabalhadores de todas as profissões e cada vez mais são caracterizadas como um problema de Saúde e Segurança do Trabalho que afeta a produtividade e provoca absenteísmo nos ambientes de trabalho.

Pesquisas científicas no Brasil demonstram que no período de 2007-2021 foram notificados mais de 103 mil casos de LER/DORT. No número total de notificações as mulheres representaram 52,1% dos registros e são problemas de saúde ocupacional que ocorrem nos trabalhadores que estão entre 30 e 59 anos, principalmente, com trabalhadores com um baixo nível de escolaridade.

Série Histórica de Notificações de LER/DORT – Brasil 2007-2021. Fonte: PINTO (2022)

Entre os principais fatores de riscos que são identificados como causas do surgimento do LER/DORT entre os trabalhadores estão os físicos, organizacionais, ergonômicos e psicossociais como, por exemplo, fontes de ruído, temperatura, vibrações, radiações, levantamento e carregamento de peso, posturas estáticas, ritmo de trabalho, jornada e demanda de trabalho.

Para prevenir as lesões de LER / DORT é necessário adotar diretrizes e implantar ações que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho, conforme estabelecido pela NR 17 – Ergonomia.

Entre os sinais que os trabalhadores manifestam frequentemente quando sofrem uma lesão de LER / DORT estão as tendinites nos ombros, cotovelos e punhos, as lombalgias (dores na região lombar) e as mialgias ou dores musculares em diversas partes do corpo. Entretanto, para um diagnóstico é necessário procurar um especialista para que possa fazer a avaliação da lesão e definir o tratamento adequado.

É importante para a saúde do trabalhador e desempenho financeiro da empresa desmistificar o prognóstico do LER / DORT no ambiente de trabalho. Isto é, a compreensão do LER / DORT ajuda a avaliar os impactos, estabelecer tratamentos específicos e a planejar ações preventivas. Veja a seguir!

Impactos das Lesões Osteomusculares: LER / DORT

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) destaca que no Brasil, o número de benefícios acidentários concedidos pelo INSS aumentou em 2021 e que mais uma vez cresceram – de 40.117 em 2020 para 93.820 em 2021, um aumento de 234%, por causa dos afastamentos previdenciários acidentários por lesões graves, como fraturas, amputações, ferimentos, traumatismos e luxações.

Observa-se também que quanto ao adoecimento no trabalho, o número de afastamentos causados por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo, inclusive LER / DORT, sofreu um aumento de 192%, isto é, de 16.211 para 31.167 casos, no mesmo período de 2020 a 2021.

A grande quantidade de trabalhadores afetados decorre porque o LER / DORT é cada vez mais associado a fatores sociais, familiares, econômicos, estresse e insatisfação. Em muitos casos, são situações que os trabalhadores não estão envolvidos com a execução de trabalhos repetitivos como era imaginado anteriormente, principalmente, com trabalhadores que atuavam em indústrias.

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A doença entre os trabalhadores da indústria por lesões osteomusculares gera um impacto crítico, pois indica que nos ambientes de trabalho existem fatores de riscos ocupacionais, inclusive afeta os trabalhadores que estão presentes no local de trabalho como, por exemplo, sobrecarrega, reduz a produtividade, gera um impacto econômico e reduz a qualidade industrial.

Para a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (OSHA-UE) os fatores de riscos incluem categorias que os profissionais da área de SST devem ficar atentos para evitar acidentes e doenças de trabalho e, consequentemente, afastamentos e o absenteísmo do trabalhador. Entre os principais fatores de riscos que causam lesões musculoesqueléticas estão:

Os fatores de risco organizacionais e psicossociais caracterizados por:

  • Elevadas exigências de trabalho e pouca autonomia do trabalhador;
  • Ausência de pausas ou de oportunidades para mudar de postura de trabalho;
  • Trabalhar a um ritmo acelerado, incluindo como consequência da introdução de novas tecnologias;
  • Longas horas de trabalho ou turnos;
  • Intimidação, assédio e discriminação no local de trabalho;
  • Pouca satisfação no trabalho.

Os fatores de risco físicos e biomecânicos podem incluir:

  • Movimentação de cargas, especialmente quando isso induz a movimentos de torção e de flexão;
  • Movimentos repetitivos ou com esforço;
  • Posturas incorretas e estáticas;
  • Ambientes com má iluminação ou temperaturas baixas e exposição a vibrações;
  • Trabalho em ritmo acelerado;
  • Estar de pé ou sentado, na mesma posição, muito tempo.

Quando os fatores de riscos estão presentes no ambiente de trabalho a capacidade dos trabalhadores é comprometida de forma temporária ou permanente, além disso, provoca o afastamento do trabalhador para o tratamento profissional, situação que demanda tempo fora do trabalho para uma adequada recuperação ou reabilitação do indivíduo.

Prevenção das Lesões LER / DORT

O crescimento de afastamentos pelo LER / DORT demanda o planejamento de ações preventivas baseadas em um diagnóstico realizado por profissionais especializados nos serviços de saúde ocupacional e engenharia do trabalho. Além disso, observa-se que cada vez mais é um problema que deve ser tratado a partir de diversos fatores de riscos e questões sociais e econômicas do trabalhador.

Para especialistas é necessário realizar “visitas ao local de trabalho com foco na avaliação das condições de trabalho, reajuste das estações de trabalho e adaptação das tarefas antes do retorno ao trabalho podem ser úteis para evitar o agravamento de lesões e novos episódios de afastamento.”.

Existem diferentes recursos para prevenir as lesões como, por exemplo, adotar ações administrativas, estabelecer um Guia Prático para Prevenir a LER / DORT e utilizar ferramentas que melhoram a estrutura física do local de trabalho, desenvolver equipamentos mais ergonômicos, seguros e adequados as características físicas.

Entre as indicações para prevenção do LER / DORT que podem ser extraídas da NR 17, destacam-se:

  • Realizar Análise Ergonômica do Trabalho – AET, dados que podem ser utilizados para identificar fatores de perigo e avaliação de riscos necessária para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
  • Inserir a ginástica laboral (GL) como uma intervenção com exercícios físicos específicos para colaboradores desenvolvida no local de trabalho;
  • Organização do trabalho considerando as normas de produção, processo de produção, exigência de tempo, ritmo de trabalho e os aspectos cognitivos que possam comprometer a segurança e saúde do trabalhador;
  • Adequação de mobiliário, equipamentos, ferramentas e dispositivos às características psicofisiológicas do trabalhador;
  • Alternância das tarefas e rodízio entre os postos de trabalho, com objetivo de diminuir a monotonia e diversificar os grupos musculares solicitados durante a atividade de trabalho;
  • Introdução de pausas para descanso, a fim de recuperar as estruturas anatômicas solicitadas. Para os trabalhadores com atividades de teleatendimento/telemarketing, a NR 17 estabelece que são necessárias pausas em dois períodos de 10 minutos e após os primeiros e antes do últimos 60 minutos de trabalho;
  • Redução da jornada de trabalho, em especial para atividades de trabalho que apresentam dificuldade de modificação dos fatores de risco;
  • Modificações na organização do trabalho, promovendo a sensibilização da gerência sobre a importância da participação dos trabalhadores nas decisões das metas de produção e formas de controle e supervisão do trabalho.

O Plano de Prevenção das lesões LER / DORT ainda pode ser complementado com treinamentos específicos para os trabalhadores, diálogos de segurança do trabalho (DDS), realização de inspeções no ambiente de trabalho, avaliação de riscos ocupacionais e investigar as lesões e acidentes de trabalho registrados com os trabalhadores.

infográfico cultura de segurança