Com o aparecimento da mulher nos setores que eram tradicionalmente masculinos, é importante lembrar que o papel dela na Segurança e Saúde do Trabalho, é igualmente relevante quando comparada a importância do homem.
O censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, determinou que o tamanho da população do Brasil era de 190,7 milhões de pessoas e a população residente do sexo feminino era formada por 97,3 milhões, isto é, 51% da população. Para 2017, a estimativa era de 207,6 milhões de brasileiros, onde 55% da população é do sexo feminino.
A participação das mulheres na Segurança e Saúde do Trabalho é tão importante quanto a dos homens. Em todos os níveis da organização as mulheres podem contribuir para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Normalmente as empresas integram seus colaboradores. Homens e mulheres possuem características diferentes e até por conta disso ocupam postos de trabalhos diferentes. Entretanto, isso não é suficiente para determinar o desempenho nas funções. É necessário avaliar a comunicação, liderança, experiência, formação e outras habilidades e competências que são independentes de gênero.
Existem empresas onde se sobressaem um ou outro gênero. Mas é cada vez mais comum encontrar trabalhadoras na construção civil, transportes rodoviário, aviação e até em atuações militares, setores nos quais tradicionalmente prevalece o sexo masculino.
Desta forma, para definir o papel das mulheres na segurança e saúde do trabalho da sua empresa, a primeira coisa a se fazer é valorizar as profissionais do sexo feminino que atuam em cada departamento da sua organização.
Mulheres no mercado de trabalho
A edição Women in Business 2018: saindo da teoria, para a prática, publicada pela agência Grant Thornton, indica que de 2017 para 2018, a presença de mulheres em cargos de liderança cresceu de 66% para 75% ao redor do mundo. No Brasil, 29% das empresas possuem mulheres em postos de chefia, ultrapassando a média global que apresentou 24%.
Número que mostra uma real preocupação com a diversidade nas empresas e que é necessário desenvolver políticas de inclusão, conforme as 10 recomendações destacadas no relatório publicado pela Grant Thornton, em 2018, que defende a presença da mulher no mercado de trabalho.
Entretanto, ainda há desigualdade de gênero nas relações de trabalho. Em média, o rendimento financeiro que as mulheres recebem pelo mesmo trabalho corresponde a ¾ do benefício para os homens.
Apesar das mulheres serem maioria quando o assunto é formação e qualificação profissional, a desigualdade salarial e de cargos ocupados entre homens e mulheres ainda é evidente nos nossos tempos.
De acordo com dados da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, em 2016, apenas 39,1% das mulheres ocupavam cargos gerenciais públicos ou privados enquanto que os homens representavam 60,9% nestes postos de trabalho.
No entanto, empresas que possuem mulheres em cargos de liderança possuem maior lucratividade. Segundo estudo realizado pela Consultoria McKinsey, em 2017, as organizações podem ter aumento de até 21% do seu desempenho financeiro quando colocam as mulheres em cargos importantes de gestão.
Atuação das Mulheres na Segurança e Saúde do Trabalho.
As mulheres colaboram para a melhoria contínua na segurança do trabalho. De modo geral, podem atuar na SST de duas formas:
- Em cargos de Liderança.
As mulheres com cargos de liderança contribuem diretamente com a implantação de sistemas de gestão eficientes, principalmente, com o foco na execução de medidas preventivas e corretivas.
- No envolvimento e participação operacional.
As mulheres com cargos operacionais contribuem para a melhoria dos ambientes de trabalho a partir da avaliação, planejamento e controle dos riscos. As medidas corretivas em saúde e segurança do trabalho são debatidas e solicitadas, principalmente, pela CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes).
Riscos Ocupacionais: mulheres x homens
A avaliação dos riscos de trabalho de mulheres e homens devem considerar as diferenças físicas de cada um, os setores e o tipo de ocupação que possuem e outras peculiaridades como jornada de trabalho e outros fatores psicossociais.
Estudo realizado pelo Ministério da Previdência Social aponta que os homens estão mais propensos a acidentes traumáticos enquanto as mulheres; a doenças ocupacionais relacionadas a falta de ergonomia.
Dentre as doenças ocupacionais mais comuns que acometem as mulheres no trabalho podemos citar: Ler/Dort, stress, depressão, gastrite, ansiedade, fadiga crônica, enxaqueca, mioma, endometriose, problemas cardíacos e alterações hormonais e psicológicas.
Vale ressaltar a depressão, visto que segundo o relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres são mais afetadas que os homens, e esta será a principal causa de afastamento do trabalho no mundo, até 2020. O Brasil já ocupa o primeiro lugar no ranking com o maior índice de depressão da América Latina.
Quando falamos em ansiedade, é o primeiro do mundo. Segundo a OMS, existem mais de 18 milhões de pessoas com algum transtorno de ansiedade no Brasil e a maioria delas são mulheres.
O boletim publicado pelo INSS destaca as principais causas dos riscos psicossociais específicos que tornam o sexo feminino mais vulnerável ao estresse relacionado ao trabalho:
- o papel duplo que as mulheres precisam desempenho no trabalho e em casa;
- a atuação esperada de cada gênero na sociedade e a influência das expectativas sociais;
- o risco de assédio sexual no trabalho ou violência doméstica;
- a discriminação baseada no gênero, que se reflete em salários mais baixos e maior cobrança por requisitos profissionais.
Avaliação dos riscos considerando a questão de gênero.
A Agência Europeia para a Saúde e Segurança no Trabalho (EU-OSHA) oferece subsídios para a integração do gênero na avaliação dos riscos e assim contribuir para uma gestão de SST mais eficaz.
Desta forma é possível definir políticas para tomadas de decisões no local de trabalho através da participação ativa das mulheres, considerando questões de gênero e, inclusive, adotando maior flexibilidade no horário de trabalho.
O modelo de integração da questão de gênero proposto pela EU-OSHA durante a avaliação dos riscos em SST considera:
- Empenho e seriedade.
- Real situação efetiva de trabalho.
- Envolvimento de mulheres e homens em todas as etapas da gestão.
- Não se limitar a suposições prévias sobre riscos e perigos em SST.
Princípios de Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres.
Garantir a saúde, a segurança e o bem estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras é um dos 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres, criado pela ONU Mulheres e o Pacto Global.
Os princípios se constituem num conjunto de propostas que englobam valores e práticas de equidade de gênero e empoderamento de mulheres em seus modelos de negócios.
Ao aderir os Princípios de Empoderamento das Mulheres, uma empresa assume publicamente o seu compromisso em conferir às mulheres participação integral nos setores e em todos os níveis de atividade econômica e, assim, passam a fazer parte de uma rede local e global das Nações Unidas.
Na hora de avaliar os riscos ocupacionais da sua empresa considere as questões de gênero da EU-OSHA e conte também com ferramentas digitais que facilitam e otimizam a auditoria de SST da sua organização.