Usando a Inteligência Artificial (IA) para Promover Uma Cultura de SST

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A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais sendo utilizada nas indústrias para promover uma Cultura de Segurança e Saúde do Trabalho (SST). O emprego da IA na SST permite com que equipamentos inteligentes aprendam e reproduzam atividades que impactam a saúde e segurança do trabalhador, prevê riscos ocupacionais, monitora e inspeciona ambientes de trabalho, entre outras aplicações.

As aplicações da IA na SST se tornaram possíveis a partir dos avanços na Inteligência Computacional, que permitem o processamento de um grande volume de dados coletados a partir de equipamentos, máquinas, câmeras de vídeo, sensores, smartphones, relógios smarth, entre outros.

A análise de dados está gerando oportunidades de pesquisa & desenvolvimento de aplicações a partir de dados oriundos de diversas fontes – de mídias sociais a dispositivos conectados à internet -, o que se conhece hoje como Big Data.

Se a disponibilidade de grandes quantidades de dados abre um vasto campo de oportunidades para avançar nosso conhecimento e domínio sobre muitos assuntos, traz também alguns desafios consideráveis no contexto da SST.

A capacidade de compreender e obter insights sobre os fenômenos do ambiente de trabalho representados por dados é de extrema relevância para a SST.

No Brasil, todos os dias, um grande volume de dados não estruturados – na forma de vídeos, imagens, relatórios etc. -, é gerado no que diz respeito, direta e indiretamente, aos riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores estão expostos. Os riscos ocupacionais são frequentemente elencados em cinco categorias:

  1. Físico: vibrações, excesso de ruídos, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, quedas, temperaturas muito altas ou muito baixas, entre outros;
  2. Químico: exposição direta a vapores, gases tóxicos, inalação de poeiras minerais, entre outros;
  3. Biológico: infecção por micro-organismos, como vírus, bactérias e toxinas;
  4. Ergonômico: esforço físico intenso, jornadas de trabalho prolongadas, postura inadequada e situações causadoras de estresse (tanto físico quanto psicológico);
  5. Acidental: iluminação imprópria, eletricidade, maquinário sem a devida proteção, incêndio, explosão, entre outros.
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O diagnóstico antecipado, o prognóstico da evolução de adoecimentos e a detecção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são soluções que podem melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, mitigando a probabilidade de acidentes e prejuízos financeiros advindos de irregularidades cometidas no ambiente de trabalho.

Neste sentido, a moderna ciência de dados envolve uma ampla gama de abordagens para resolver e atenuar os riscos ocupacionais, entre as quais se destaca o Aprendizado de Máquina (do inglês, machine learning), subárea da IA. A seguir, destacamos como o OnSafety vem desenvolvendo soluções baseadas na IA para a SST!

Aprendizado de Máquina: Uma Importante Ferramenta

De acordo com o pioneiro da ciência da computação Arthur Samuel, o Aprendizado de Máquina é “o campo de estudo que dá aos computadores a habilidade de aprender sem serem explicitamente programados”. Ou seja, sem que certos padrões e regras de ouro subjacentes ao domínio do problema sejam explicitamente definidos pelo programador.

O Aprendizado de Máquina explora a construção de algoritmos que, com seus erros ao longo do treinamento, aprendam a fazer previsões sobre situações do dia a dia ou situações nas quais o trabalhador esteja exposto aos riscos ocupacionais, permitindo ao cientista de dados ou profissional da SST tomar decisões mais confiáveis e com maior possibilidade de sucesso.

Segundo o Ph.D Fernando Fernandes, o Aprendizado de Máquina tem ganhado destaque na área de SST. Ele afirma que: “Sua popularidade tem aumentado devido aos ganhos de performance preditiva em comparação com modelos tradicionais, à diversidade de ferramentas para análise de dados e à capacidade de lidar com diferentes tipos de dados e de grandes volumes”.

No entanto, o mercado brasileiro ainda carece de soluções computacionais inteligentes que se voltem às necessidades empresariais quando o assunto é SST, pois demandam investimentos elevados em termos de desenvolvimento, a integração de áreas do conhecimento como computação e Engenharia de Segurança do Trabalho, além de enfrentarem limitações de infraestrutura e de outros recursos nos locais de trabalho, entre outros fatores.

Monitorando o Uso do EPI no Local de Trabalho

Apesar de todos os esforços dos órgãos de fiscalização e a regulamentação que elucida as obrigações da SST, estima-se que, só no Brasil, um trabalhador se acidente a cada 48 segundos enquanto um acabe morrendo a cada 4 horas. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) também mostram que em cinco anos mais de 14 mil trabalhadores perderam a vida no exercício da profissão. Esse número pode ser ainda maior, uma vez que se estima que só um em cada sete casos são reportados anualmente.

Como resultado, o Brasil possui um número enorme de processos trabalhistas quando o tema é segurança, que somados aos demais faz com que o Brasil detenha o posto de campeão mundial em relação ao número de processos trabalhistas, com estimativas entre 50% e 65% dos processos (2001 a 2016) de todo o mundo, abrangendo somente 2,7% da população mundial aproximadamente.

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Entre as 15 principais irregularidades identificadas durantes fiscalizações nas empresas que podemos destacar, estão deixar de fornecer aos trabalhadores EPIs em condições de uso e dispensar a utilização de EPIs.

Por outro lado, a prevenção e proteção dos trabalhadores de riscos ocupacionais depende bastante do uso de EPIs, que inclui cintos de segurança, luvas, capacetes, botinas, máscaras, óculos de proteção, protetores auriculares, entre outros.

Os EPIs são obrigatórios, por exemplo, em fábricas, realização de procedimentos industriais, exposição aos riscos químicos, biológicos, em hospitais, na construção civil, restaurantes, indústrias de agronegócio, etc. E, nestes ambientes de trabalho, um dos principais desafios é monitorar o uso do EPI no lugar certo do corpo.

O empregador tem por responsabilidade orientar seus funcionários sobre às Normas Regulamentadoras de segurança no trabalho, além de exigir e fiscalizar o uso do(s) EPI(s) adequado(s) à tarefa realizada na empresa. Ademais, em caso de eventual acidente, a recusa do empregado em utilizar o equipamento não exime de culpa do empregador.

A obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção encontra amparo legal na Constituição Federal de 1988, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e Norma Regulamentadora (NR) 06. Temos também na NR 06 os deveres legais do trabalhador:

“6.7 Responsabilidades do trabalhador. 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.”

Usando a IA para Promover a SST

O domínio de tecnologias de IA viabiliza e melhora o processo de implantação de uma cultura de SST. É uma maneira efetiva de estabelecer rotinas de avaliação e controle dos níveis de exposição dos trabalhadores aos riscos ocupacionais e reduzir a probabilidade, gravidade e custos relacionados com os acidentes de trabalho.

Neste contexto, a Equipe OnSafety vem desenvolvendo uma solução inovadora, a qual utilizará técnicas de IA para a detecção de EPIs e suas não conformidades, isto é, a detecção de uso e não uso de equipamentos, respectivamente, em ambientes de trabalho monitorados por câmeras.

Detecção de objetos com a IA desenvolvida pelo OnSafety

Um de nossos principais parceiros no desenvolvimento da solução inteligente é a indústria de agronegócios COCAMAR. Esta parceria foi estabelecida com o objetivo de fornecer informações antecipadas, que reduzam o número de situações inseguras às quais o trabalhador se expõe, principalmente o não uso do EPI.

A agroindústria, em particular, é um local de trabalho caracterizado por uma cadeia de produção com atividades perigosas, tais como, o trabalho em altura, locais com níveis de ruído elevado, esforços físicos, uso de equipamentos, permanência em espaços confinados, carregamento e descarregamento de materiais, presença de poeiras, produtos químicos, etc. Existe também uma presença elevada de trabalhadores nas operações, o que demanda o controle adequado do uso de EPIs, conforme definido pela NR 06.

O desenvolvimento da solução, que está prevista para ser lançada em 2023, também é apoiado financeiramente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – Processo 30443/2021-1, que permitiu a integração de um especialista em Inteligência Computacional à Equipe OnSafety. Além disso, contamos com a colaboração de pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

Nossa solução irá oferecer uma tecnologia smart (algoritmo) com altos índices de acerto, detectando objetos nas condições mais diversas possíveis, monitoradas por meios de câmeras, as quais o trabalhador é exposto em uma operação, bem como o nível de perigo da situação.

Além disso, dará suporte a tomada de decisão aos gestores da área de segurança por meio de indicadores de desempenho e contribuirá para mitigar a probabilidade de ocorrência de acidentes de trabalho (emissão de alertas) e prejuízos financeiros advindos de não conformidades.

Esses benefícios são propostos com a premissa de oferecer ao mercado uma tecnologia de baixo custo, eficaz e inovadora, que promova mudanças gerenciais de suma importância na cultura de SST.