Recomendações para reduzir o afastamento por doença

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Dorsalgia, LER/Dort, transtornos mentais (estresse, ansiedade e depressão), perdas auditivas, doenças pulmonares e câncer ocupacional são casos comuns nos ambientes de trabalho, e são estes tipos de casos que podem resultar em um afastamento por doença. Nesse artigo, iremos falar sobre estes afastamentos e como reduzi-los.

Segundo o Ministério do Trabalho, em 2017,  dados preliminares do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) apontaram 196.754 benefícios que foram concedidos a profissionais afastados por mais de 15 dias, em decorrência de algum problema de saúde ocupacional. Isto representa uma média de 539 afastamentos diariamente.

Na Figura 1 observamos que apenas 6 causas (Fratura ao nível do punho e da mão, Fratura da perna, incluindo tornozelo, Fratura do pé (exceto do tornozelo), Fratura do antebraço, Dorsalgia e Lesões do ombro) representam um pouco mais de 60% dos afastamentos do trabalhador.

grafico causas de afastamento
Figura 1 – Causas dos Afastamentos no Ambiente de Trabalho – 2017

Para diminuir estes números de afastamento por doença, o governo promoveu de abril a novembro de 2018, a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CANPAT) onde o Ministério do Trabalho divulgou materiais como cartilhas, cartazes, banners e folhetos sobre os adoecimentos ocupacionais e também sobre quedas com diferença de nível.

O objetivo da campanha é difundir informações sobre causas e formas de prevenção de doenças e acidentes do trabalho, proporcionando um ambiente mais saudável e seguro para o funcionário, além de permitir a redução de custos tanto para as empresas quanto para o governo.

A seguir, apresentamos as principais recomendações para melhorar a relação entre o trabalho e a doença; seguindo cada um dos adoecimentos citados no ato da divulgação da CANPAT pelo Ministério do Trabalho.

Como reduzir afastamento por doença?

Fraturas

As fraturas ósseas são eventos aleatórios  cada vez mais frequentes no ambiente de trabalho, conforme observa-se na Figura 1. Ocorrem por diversos motivos: queda de altura, queda no mesmo nível, uso errado de ferramentas manuais, falta de segurança e manutenção de máquinas e equipamentos, excesso de velocidade em motocicleta, entre outros, e são impactos que incidem sobre os ossos com forças superiores (de compressão, cisalhamento, torção e flexão) a sua capacidade de deformação (Giordano et al., 2018; AbcMed, 2018).

Para evitar fraturas é básico o uso de EPI’s que evitam a queda de altura, a sinalização do ambiente de trabalho, realizar estudos de ergonomia e projetar postos de trabalhos adequados as operações.  Recentemente reunimos recomendações e determinamos os procedimentos que os trabalhadores ou operadores devem seguir no ambiente de trabalho para evitar queda durante o trabalho em altura.

Dorsalgia

Dor nas costas é o maior causador de afastamento por doença no Brasil, correspondendo a 12.073 do total de afastamentos por mais de 15 dias em 2017, conforme dados preliminares do INSS.

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Prevenção de dorsalgia nos ambientes ocupacionais.

  • Fazer pausas conforme a especificação da Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
  • Fazer Ginástica Laboral, acompanhado por profissional qualificado e conforme a frequência estipulada pela empresa.
  • Adequar o ambiente com mobiliário e layout especificado pela AET.
  • Utilizar cinta ergonômica para atividades relacionadas a levantamento de peso.
  • Ter postura correta ao levantar e agachar; colocando o peso nas pernas.
  • Evitar inclinar as costas ao desenvolver atividades, apoiando os pés e membros superiores durante o trabalho.

LER/Dort

L.E.R. significa Lesões por Esforço Repetitivo e Dort se refere a Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. Ambas significam a mesma coisa; no entanto a denominação Dort é mais apropriada para a nossa análise por se relacionar a doenças ocupacionais propriamente ditas.

A Dort é uma síndrome composta por grupo de várias doenças como tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo, mialgias que afeta músculos, nervos e tendões principalmente dos membros superiores e sobrecarrega o sistema musculoesquelético.

A maioria das recomendações citadas acima para a dorsalgia também se aplicam para Ler/Dort. Abaixo apresentamos mais algumas formas de prevenção deste distúrbio.

Prevenção de Ler/Dort nos ambientes ocupacionais.

  • Adaptar cadeiras, mesas e bancadas ergonômicas.
  • Alterar o ritmo e sequência entre as tarefas executadas.
  • Implantar sistema de iluminação observando a qualidade, quantidade e localização mais adequadas.
  • Planejar a localização dos dispositivos e materiais proporcionando fácil acesso ao trabalho.
  • Evitar exposição a vibrações por longo período de tempo.

Transtornos mentais (estresse, ansiedade e depressão)

Segundo o Observatório Digital, iniciativa de parceria entre o Ministério Público do Trabalho e a Organização Internacional do Trabalho,  entre 2012 e 2016, foram licenciados 55,3 mil trabalhadores por causa de algum transtorno psicológico.

De acordo com as informações do governo do Brasil,  as causas frequentes estão relacionadas a “carga de trabalho excessiva, insegurança laboral, exigências contraditórias, falta de clareza nas funções, falta de apoio, assédio moral ou sexual, entre outros”.

Prevenção de transtornos mentais nos ambientes ocupacionais.

  • Realizar pausas durante a jornada de trabalho tanto para descanso muscular quanto mental.
  • Treinar lideranças para melhorar as relações interpessoais.
  • Ginástica laboral e outras atividades de relaxamento.
  • Informar a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) em caso de situação de risco pessoal ou de algum membro da equipe de trabalho.

Perdas auditiva

A perda de audição ocorre em decorrência de um longo período de exposição ao ruído e é irreversível mesmo com tratamento e afastamento do trabalho. Os problemas auditivos podem também ser ocasionados por fatores causais, como a vibração, calor e substâncias químicas.

Prevenção de transtornos auditivos nos ambientes ocupacionais.

  • Manter o ruído abaixo de 85 dB (A).
  • Evitar as perturbações através de métodos e máquinas silenciosas.
  • Fazer manutenção regularmente nas máquinas.
  • Separar o trabalho barulhento do silencioso.
  • Manter distância suficiente da fonte de ruído.
  • Utilizar teto, barreiras acústicas e protetor auditivo para proteção contra ruídos.

Doenças pulmonares

Gases, vapores, fumos metálicos, névoas, neblinas e aerossóis podem provocar doenças pulmonares como rinite, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), câncer de pulmão e pneumoconioses ocasionadas nos ambientes de trabalho.

Prevenção de doenças pulmonares nos ambientes ocupacionais.

  • Realizar ventilação ou exaustão de agentes de riscos nocivos.
  • Utilizar máscara de proteção facial respiratória.

Câncer ocupacional

Conforme a publicação do Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), dados de estimativa de câncer no Brasil em 2010 apontavam para 489.270 casos novos de câncer (236.240 casos novos para o sexo masculino e 253.030 para o sexo feminino).

Prevenção de câncer nos ambientes ocupacionais.

Todas as orientações referentes ao câncer provocado por agrotóxicos, amianto, sílica, radiação ionizante, radiação solar, benzeno, tolueno e xileno podem ser encontradas no documento oficial “Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho e ao Ambiente”.

Vale ressaltar que nenhuma das recomendações acima substituem a ação preventiva do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).

O trabalho do SESMT é realizado mediante a análise da saúde e segurança ocupacionais dos funcionários de acordo com as normas regulamentadoras aplicadas na realidade e ramo de atividade específica de cada empresa, para prevenir os números de afastamento por doença.

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