No Brasil, o setor da Construção Civil, em janeiro de 2024, gerou mais de 2,7 milhões de postos formais de trabalho, que correspondem a 5,9% do total de empregados com carteira assinada no país. E, as mulheres na Construção Civil representam cerca de 10% da mão-de-obra que atua na Construção de Edifícios, Obras de Infraestrutura e Serviços Especializados para Construção.
Observa-se que a presença das mulheres vem crescendo nos canteiros de obras e a conquista dos espaços exige que sejam analisados os desafios no mercado de trabalho da Construção Civil como, por exemplo, as diferenças regionais que existem sobre a remuneração média da mulher e a falta de práticas ambientais, sociais, administrativas e educacionais voltadas para inserir e apoiar a participação.
A inserção das mulheres na Construção Civil também demanda incentivos na formação especializada, qualificação da mão-de-obra, melhorias no ambiente de trabalho (banheiros e vestiários para mulheres) e conscientização ou um Diálogo Diário de Segurança (DDS) com os trabalhadores sobre atitudes que podem causar a falta de respeito, segurança e saúde do trabalho, ética, assédio moral organizacional e até a discriminação racial.
As adequações das condições de trabalho e a promoção da saúde mental no trabalho passam pelos programas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST). Tais aspectos devem ser prioritários nos modelos de gestão da SST, os quais devem levar em conta as características e necessidades antropométricas, biológicas e sociais das mulheres.
Para aumentar a presença das mulheres nos canteiros de obras e em postos de liderança da Construção Civil é necessário promover uma mudança cultural e uma preparação do ambiente de trabalho. Neste sentido, preparamos um blog que lista as principais práticas de apoio que promovem a participação da mulher no ambiente de trabalho, especificamente, na Construção Civil.
Práticas de Apoio as Mulheres na Construção Civil
A participação das mulheres na Construção Civil começa com a formação dessa mão-de-obra, ou seja, precisamos incentivar e valorizar o ingresso das mulheres nas áreas de Engenharia Civil ou cursos de formação técnica em Segurança e Saúde do Trabalho e Tecnologia da Construção Civil, assim como, nos profissionalizantes em Carpintaria, Azulejista, Eletricista, Pedreira, Pintura, Mestre de Obra, Soldadora, entre outros.
A formação qualificada e a experiência profissional promove a participação da mulher nos cargos de liderança nas empresas e cria oportunidades de crescimento no mercado de trabalho da construção civil. Além disso, é necessário que seja eliminada a diferença salarial entre os profissionais, garantindo as condições iguais na vida profissional.
É necessário que os times de obra ou frentes de trabalho no canteiro de obras sejam formados com a participação das mulheres. A valorização das profissionais passa pela oferta de treinamentos na área de SST, entregar e garantir o uso de EPI’s que levam em consideração as medidas antropométricas, assim como, pela mudança cultural no canteiro de obras.
O diálogo com todos os envolvidos no ambiente de trabalho e com as lideranças das empresas da Construção Civil é necessário para conscientizar a necessidade e caracterizar as vantagens profissionais e sociais que podem ser alcançadas com a inclusão das mulheres nos canteiros de obras. Um dos principais problemas que pode ser resolvido é a escassez da mão-de-obra e a falta de produtividade nos projetos.
Outro aspecto social que deve ser levado em conta são as características familiares das mulheres já que é muito frequente ser responsável pela criação, educação e manutenção econômica dos filhos. Neste caso, para a inserção no canteiro de obra é fundamental apoiar o acesso à educação, creches municipais e saúde dos filhos das trabalhadoras, garantindo a permanência dos filhos no sistema educacional.
Nos Canteiros de Obras também é necessário adotar todas as medidas preventivas de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), pois é necessário eliminar qualquer situação que coloca a mulher em uma posição depreciativa e desvalorizada no ambiente de trabalho ou gera uma segregação espacial e isolamento das trabalhadoras.
Eliminar o preconceito de que as atividades da Construção Civil só podem ser executadas pelos homens. As características atribuídas frequentemente para as mulheres sobre o zelo, atenção e cuidado devem ser adotados por todos para evitar acidentes de trabalho e agravos a saúde.