Como combater o câncer no ambiente de trabalho?

Como combater o câncer no ambiente de trabalho

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A exposição ocupacional a diversos elementos químicos, físicos e biológicos utilizados ou presentes nas indústrias de petróleo, metalurgia, plásticos, têxteis, cerâmica, cimento, mineração, entre outras, é sempre considerada como perigosa para a saúde do trabalhador. E, uma das principais associações que vem sendo reconhecida é entre o câncer e o ambiente de trabalho ou a exposição aos produtos, misturas ou outros agentes.

Neste contexto, os profissionais da Segurança e Saúde do Trabalho (SST) devem assumir a responsabilidade de produzir e divulgar informações para os trabalhadores que estão expostos. Além disso, planejar, melhorar a tomada de decisão e introduzir ações de prevenção.

Nosso propósito é esclarecer sobre o Câncer Relacionado ao Trabalho (CRT) e destacar algumas medidas preventivas que ajudam a reduzir a frequência, surgimento ou gravidade do CRT no ambiente de trabalho. Confira no blog!

Câncer Relacionado ao Trabalho (CRT)

Dados publicados pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) indicam que o câncer, em 2018, foi responsável por 9,6 milhões de mortes, o que equivale a uma morte a cada seis mortes no mundo. No Brasil, conforme estimado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), ocorrerão 625 mil casos novos de câncer para cada ano do triênio 2020-2022.

Os tipos mais comuns de câncer em homens, à exceção do câncer de pele não melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Nas mulheres, exceto o câncer de pele não melanoma, os cânceres de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%) figurarão entre os principais. O câncer de pele não melanoma representará 27,1% de todos os casos de câncer em homens e 29,5% em mulheres.

A OPAS prevê que a mortalidade por câncer nas Américas irá aumentar para 2,1 milhões até 2030. Além disso, destaca que cerca de um terço de todos os casos de câncer poderiam ser evitados trabalhando os principais fatores de risco, como tabagismo, abuso de álcool, dieta inadequada e inatividade física.

O câncer surge da transformação de células normais em células tumorais em um processo de vários estágio. As alterações resultam da interação entre os fatores genéticos de uma pessoa e agentes externos, incluindo:

  • Cancerígenos físicos, tais como radiação ultravioleta e ionizante;
  • Substâncias químicas cancerígenas, como o amianto, componentes do fumo do tabaco, aflatoxina (um contaminante alimentar) e arsênio (um contaminante da água potável); e
  • Cancerígenos biológicos, tais como infecções por certos vírus, bactérias ou parasitos;
  • Exposição ocupacional de alguns elementos como pó de madeira, produtos químicos utilizados na metalurgia, petróleo, plásticos, indústrias têxteis e o amianto.

Um entendimento que existe é sobre o papel das condições de trabalho como determinante relevante para a ocorrência do câncer, neste caso, denominado de Câncer Relacionado ao Trabalho (CRT). No Brasil, pesquisas demonstram que é o CRT representa cerca de 2,3% nos homens e 0,3% nas mulheres nos casos registrados de câncer.

A literatura destaca que nos ambientes de trabalho e processos industriais é bastante consolidada a associação dos produtos químicos, físicos e biológicos como responsáveis pelo surgimentos de câncer nos trabalhadores.

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No Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil também é destacado que existe um dificuldade em mensurar os efeitos de misturas e uso concomitante de diferentes produtos e substâncias à saúde humana ao longo do período de vida laboral. Além disso, existem poucos estudos sobre a avaliação de agentes químicos ou físicos com relação a sua carcinogenicidade ou devidamente documentados.

Os fatos relatados devem ser usados pelos profissionais da área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST) como justificativas para melhorar a avaliação e monitoramento do nível de exposição dos trabalhadores, principalmente, aos produtos químicos.

O desenvolvimento de ações preventivas torna-se fundamental em certas ocupações e atividades econômicas que tem como característica a exposição aos produtos, substâncias ou circunstâncias que colocam os trabalhadores em maior risco para o desenvolvimento de neoplasias ou CRT. Pensando nisso preparamos uma lista de recomendações para a prevenção do CRT.

Recomendações para a Prevenção do CRT

As principais recomendações para a prevenção do CRT são relacionadas com ações para a vigilância dos agentes cancerígenos e dos fatores de risco que os trabalhadores estão expostos. Além disso, é fundamental o monitoramento dos casos de câncer dos trabalhadores e promover a capacitação profissional.

Outras práticas para a prevenção são integrar a saúde do trabalhador com a vigilância e a rede de atenção à saúde e manter uma produção e divulgação de informações entre os trabalhadores.

A partir das informações produzidas e publicadas no Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil são destacadas as principais recomendações para a prevenção do Câncer Relacionado ao Trabalho. Informações que ajudam a introduzir procedimentos e práticas de prevenção desta doença crônica nos trabalhadores:

  • Identificação periódica de grupos e agentes cancerígenos aos quais os trabalhadores estão expostos e fatores de risco presentes nos ambientes e processos de trabalho para ocorrência de casos relacionados ao trabalho;
  • Identificação e realização de estimativas da exposição ambiental a agentes. Tais medições ou dados auxiliam a construção de medidas de controle no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR);
  • Avaliação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e de registros das inspeções realizadas;
  • Elaborar instrumentos e indicadores para avaliação contínua e sistemática das estratégias de prevenção e redução da exposição dos trabalhadores aos agentes cancerígenos nos ambientes e processos de trabalho;
  • Promover ações a partir da identificação das substâncias, ramos e atividades econômicas que se apresentam associados às tipologias de câncer identificadas;
  • Elaboração e divulgação de orientações quanto às ações individuais e coletivas a serem direcionadas aos trabalhadores diagnosticados com CRT ou que estão expostos a fatores de risco ocupacionais para desenvolvimento de câncer;
  • Promoção de treinamentos e capacitações dos empregadores e trabalhadores quanto ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), manutenção, reposição e higienização periódica dos equipamentos;
  • Elaboração de material informativo sobre as condições de saúde e segurança dos trabalhadores conforme as legislações e documentos vigentes, tais como as Normas Regulamentadoras (NR) cujos conteúdos podem contribuir para o controle da exposição ambiental a cancerígenos e, consequentemente, para a prevenção do câncer relacionado ao trabalho;
  • Elaboração de material sobre CRT, associação entre ocupações, fatores de risco e exposições no ambiente de trabalho, de modo a facilitar a realização de anamnese ocupacional.
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Desafios para a Prevenção do CRT

Apesar dos índices do CRT e a capacidade de prevenir, controlar e monitorar o CRT é necessário que a área de SST conheça os riscos ocupacionais relacionados aos ambientes de trabalho e seus impactos na saúde do trabalhador, conforme destacado no Atlas do Câncer Relacionado ao Trabalho no Brasil, publicado pelo Ministério da Saúde, em 2022:

A vigilância dos ambientes de trabalho demanda que os profissionais de SST busquem cada vez mais metodologias e ferramentas adequadas para identificar os riscos ocupacionais que os trabalhadores estão expostos e, consequentemente, introduzir medidas preventivas que minimizem as consequências da exposição na saúde do trabalhador.

Neste caso, o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) são fundamentais para reconhecer as atividades de produção, caracterizar os ambientes de trabalho, identificar os riscos ocupacionais ou agentes nocivos e os níveis de exposição, monitorar a saúde do trabalhador e subsidiar a adoção e avaliar a efetividade das medidas de proteção.

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