A jornada de trabalho pode ser algo estressante para muitos profissionais, ainda mais se o ambiente de trabalho for desgastante e não prezar pelo bem estar de seus colaboradores. O acúmulo de fatores relacionados com a saúde mental do trabalhador como, o estresse, o ambiente de trabalho precário, competitividade, entre outros, pode acarretar na Síndrome de Burnout.
Desde 2020, a sociedade vem passando por momentos difíceis, marcados pela pandemia, o isolamento social, problemas econômicos, assim como, pela a adoção de novos métodos de trabalho como, o home office e o trabalho híbrido, alterando a rotina de muitos trabalhadores. É um cenário que pressiona a saúde mental dos trabalhadores.
O desequilíbrio mental se manifesta de diversas maneiras entre os trabalhadores como, por exemplo, momentos de ansiedade, depressão no trabalho, pânico e a síndrome do esgotamento profissional, conhecido como Síndrome de Burnout, gerando afastamentos dos trabalhadores e impactos econômicos e sociais.
O TST (Tribunal Superior do Trabalho) relata que, em 2020, os afastamentos por motivos como depressão e ansiedade registraram a maior alta entre as principais doenças indicadas para o pedido do benefício auxílio-doença. O número de concessões passou de 213,2 mil, em 2019, para 285,2 mil, em 2020, com aumento de 33,7% e a duração média, nos casos de doença mental, é de 196 dias.
Entre os trabalhadores com mais frequência de afastamento por Doenças Mentais e Comportamentais, Síndromes e Crises Nervosas, se destacam os que atuam no transporte urbano, bancos, limpeza, hospitais, operações industriais e administrativo.
Uma pesquisa realizada com 11 países, “Mental Health among Adults during the COVID-19 Pandemic Lockdown: A Cross-Sectional Multi-Country Comparison” (Saúde Mental entre Adultos Durante o Lockdown da Pandemia Covid-19: Uma Comparação Transversal entre Países), indica que os participantes do Brasil, adultos com mais de 18 anos, registraram os maiores índices de ansiedade e depressão entre os analisados.
A pesquisa também indica que o Brasil está entre os países com o menor índice de resiliência, isto é, homens e mulheres estão passando por uma situação que está gerando uma dificuldade para reagir mentalmente, superar os obstáculos impostos pela pandemia e se adaptar as mudanças.
A SST tem um papel imprescindível na hora de prevenir esse tipo de problema e prevenir esse tipo de problema é extremamente importante para saúde ocupacional, por isso iremos falar sobre o Síndrome de Burnout, a seguir, confira.
O que é a Síndrome de Burnout?
A Síndrome do Esgotamento Profissional, como também é conhecida como a Síndrome de Burnout, é um distúrbio psíquico que atinge a saúde mental e física. Na versão final da nova Classificação Internacional de Doenças da OMS (CID-11), publicada, em 2022, a doença mental de Burnout (QD85), passou a ser definida como:
Burnout é uma síndrome provocada pelo estresse crônico no local de trabalho e que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizado por três dimensões: 1) sentimentos de esgotamento ou cansaço mental; 2) aumenta o distanciamento mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho; e 3) uma sensação de ineficácia e falta de realização. Burnout refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.
OMS (2022) – CID-11
Se caracteriza por ser um estresse provocado a partir das condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes, principalmente, com cargas de trabalho em excesso, cobranças desnecessárias e pressão por resultados e é relacionado com trabalhadores empregados e desempregados.
Sintomas
Os sintomas da síndrome de Burnout se manifestam tanto física quanto mentalmente, com seu principal sintoma sendo o esgotamento emocional e físico, podendo estar acompanhado de sintomas comportamentais e emocionais como:
- Ausências no trabalho;
- Agressividade;
- Isolamento;
- Mudanças bruscas de humor;
- Irritabilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Lapsos de memória;
- Ansiedade;
- Depressão;
- Pessimismo;
- Baixa autoestima.
E de sintomas físicos como:
- Dores de cabeça;
- Cansaço;
- Sudorese;
- Hipertensão;
- Insônia;
- Dores musculares;
- Problemas Gastrointestinais.
As causas da Síndrome de Burnout
Essa síndrome pode ser causada por diversos fatores, com um levando a outro. A seguir, relacionamos os principais fatores que provocam a Síndrome de Burnout:
Pressão e cobrança constante por resultados
Alguns ambientes de trabalho e superiores exercem pressão constante sobre os trabalhadores, seja para metas serem batidas, vendas feitas, etc. Essa pressão exagerada e constante leva colaboradores ao estresse, a se preocuparem excessivamente com seu trabalho, preocupação essa que leva a jornadas de trabalho excessivas e esgotamento mental.
Alto volume de trabalho
Fator que pode acontecer devido ao fator da pressão, citado acima, quando para cumprir suas metas e aliviar as cobranças, o trabalhador se enche de trabalho; e que também pode ocorrer por sobrecarga de trabalho da própria empresa. Este alto volume pode acarretar em cansaço, insônia, estresse e em uma jornada de trabalho excessiva.
Excesso de responsabilidades
O excesso de responsabilidades tem relação direta com o alto volume de trabalho, é quando o trabalhador fica responsável por muitas coisas, acaba gerando uma pressão grande em seu serviço também e pode levar a estresse, insônia e cansaço.
Jornada de trabalho exaustiva
A jornada de trabalho exaustiva ocorre quando não há tempo de descanso para os funcionários, ao fim do expediente o cansaço é extremo e leva a um cansaço constante, insônia, dores musculares e de cabeça.
Como combater a Síndrome de Burnout?
Podemos notar que a Síndrome de Burnout é um caso referente à saúde ocupacional, portanto, é de responsabilidade da equipe de SST evitar que os trabalhadores estejam expostos a estes fatores que podem desencadear o burnout.
Nos ambientes de trabalho que existem políticas e programas de prevenção para a saúde mental dos trabalhadores é possível reduzir os índices de absenteísmo, afastamentos por doenças ocupacionais, aumentar a qualidade de vida, a produtividade e obter resultados financeiros com a produção.
Práticas que estimulam o bem-estar no ambiente de trabalho são as principais ações para se atingir estes objetivos e algumas que podem ser tomadas são:
- Proporcionar um ambiente de trabalho adequado e seguro;
- Promover interações entre os trabalhadores;
- Reconhecer o trabalho realizado e oferecer a possibilidade de crescimento profissional;
- Promover melhorias no ambiente;
- Estimular a prática de atividades físicas;
- Ter, dentro do trabalho, e estimular, fora dele, cuidados com a saúde mental;
- Fornecer uma jornada de trabalho mais flexível.
Os resultados em relação à saúde mental no ambiente de trabalho dependem do equilíbrio das necessidades biológicas, psicológicas e sociais dos trabalhadores e organizacionais. Neste cenário, é importante que haja uma ação em conjunto entre os próprios trabalhadores, iniciativas das empresas e políticas de prevenção da saúde dos órgãos públicos e privados.