O que é o Plano de Proteção Radiológica?

Radioproteção em Ambientes Hospitalares

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Nos ambientes hospitalares temos um risco bastante incomum nos demais ambientes de trabalho, e este risco é a radiação ionizante, um risco extremamente perigoso que exige inúmeros cuidados, incluindo um plano de proteção próprio denominado de Plano de Proteção Radiológica.

As radiações ionizantes, dependendo da intensidade e do tempo de exposição ao material, podem trazer benefícios ou riscos a saúde. Isto é, pode provocar efeitos agudos ou crônicos à saúde do trabalhador, por isso, o gerenciamento e o planejamento das atividades que serão desenvolvidas em ambientes de trabalho deve ser meticuloso.

No ambiente hospitalar é comum encontrar equipamentos e aplicar tratamentos que emitem a radiação ionizante e, consequentemente, trabalhadores recebem uma quantidade de radiação ou dose de radiação que precisa ser estimada, controlada e registrada de uma forma individual.

Sabendo da importância no manejo de agentes ionizantes e da implantação do Plano de Proteção Radiológica (PPR), preparamos este artigo falando sobre este importante tema que é integrante da Norma Regulamentadora – NR 32, confira a seguir.

O que é a radiação ionizante?

A radiação ionizante é uma radiação com uma grande quantidade de energia, o suficiente para remover elétrons de átomos e assim alterando estruturas moleculares. No ambiente hospitalar temos algumas fontes desse tipo de radiação, são elas:

  • Raio X: Radiação mais fraca é usada para o diagnóstico através da imagem;
  • Medicina nuclear: Usado também para diagnósticos como na cintilografia e também em medicamentos com o Iodo-131 que se acumula na tireoide para matar células cancerígenas;
  • Pesquisas científicas na área.

Apesar dos benefícios encontrados no uso da radiação para a medicina, se ela não for utilizada de forma segura, perigos são apresentados, como:

  • Danos ao DNA: A radiação pode alterar o relógio biológico das células, sendo capaz de influenciar no DNA, levando a mutações genéticas e ao desenvolvimento de câncer.
  • Síndrome da radiação aguda: Em casos de exposição descontrolada, a radiação pode causar esta síndrome, com sintomas como náuseas, vômitos, perda de cabelo, fraqueza, hemorragias, lesões na pele, podendo ser fatal. Um caso famoso em que houve este tipo de exposição, foi o caso com o césio-137 em Goiânia, em 1987, onde o contato com uma máquina de Raio X descartada incorretamente causou algumas mortes.
  • Problemas reprodutivos: A exposição à radiação pode afetar a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres.
  • Efeitos a longo prazo: A exposição à radiação pode aumentar o risco de doenças como catarata, doenças cardíacas e derrames cerebrais, mesmo anos após a exposição. Além disso, também pode causar defeitos genéticos em gerações posteriores, com filhos de pessoas expostas podendo nascer com problemas físicos.

E é bastante comum questionar sobre como os trabalhadores do setor da saúde podem melhorar sua proteção, de forma a diminuir as doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade de exposições acidentais deste tipo de risco.

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O que é o Plano de Proteção Radiológica?

O PPR é um documento obrigatório para qualquer instalação que utilize fontes radioativas. Ele lista todas as medidas de proteção necessárias para minimizar a exposição à radiação dos trabalhadores e do público.

Quais são os objetivos do Plano de Proteção Radiológica?

Os principais objetivos do PPR são:

  • Proteção dos trabalhadores: A superexposição à radiação pode levar a vários problemas de saúde, como câncer, doenças cardíacas e até morte. O PPR foi projetado para garantir que os níveis de radiação permaneçam dentro de limites seguros e para que eles estejam protegidos, por meio de EPIs, EPCs e capacitações. 
  • Proteção do meio ambiente e a população: O descarte inadequado de materiais ou equipamentos contendo radiação também pode poluir a terra, a água e o ar, causando danos ao meio ambiente e também a pessoas que podem ser expostas a esta radiação inadvertidamente, como o caso de Goiânia que citamos anteriormente. O PPR prevê medidas para prevenir esta contaminação indicando a maneira adequada de descarte e armazenamento.
  • Garantia na segurança das operações: O PPR implementa procedimentos seguros para o manuseio, armazenamento e transporte de fontes radioativas, minimizando o risco de acidentes. 

O que um PPR deve conter?

Um PPR completo deve conter as seguintes informações:

  • Descrição da instalação: Informações detalhadas sobre a instalação, como tipo de atividades, fontes radioativas utilizadas, layout das áreas de trabalho, etc. 
  • Plano de Proteção Radiológica: Descreve as medidas de proteção que serão tomadas, como monitoramento de radiação, controle de acesso a áreas restritas, uso de equipamentos de proteção individual (EPI), treinamento de funcionários, etc. 
  • Plano de emergência: Define os procedimentos a seguir em caso de incidente, como liberação radioativa ou incêndio. 
  • Responsabilidades: Especifica quem é responsável por cada tarefa relacionada à segurança radiológica.

Quem elabora o Plano de Proteção Radiológica?

O PPR deverá ser elaborado por profissionais qualificados em radioproteção, com experiência na área e conhecimento da legislação em vigor.

Pesquisas realizadas no Mestrado em Engenharia Biomédica da UFU utilizam a simulações para estimar a quantidade de radiação que os trabalhadores recebem e quais medidas para minimizar a exposição.

Simulação sobre a quantidade de radiação ionizante absorvida por paciente e dois profissionais durante um procedimento de Radiologia Intervencionista do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HCU/UFU). Os cilindros em torno dos profissionais representam os aventais plumbíferos, os colares são os protetores de tireoide e eles usam óculos de vidro plumbífero também. Esses simuladores de pessoas foram feitos por outros pesquisadores a partir de imagens de tomografia e modelagem 3D com superfícies poligonais. As linhas vermelhas representam as trajetórias da radiação ionizante (raios X).

Fonte: Portal Notícias da UFU (2024).
Simulação da Radiação Ionizante dos Equipamentos Hospitales. Fonte: Portal Notícias da UFU (2024).

Como manter o PPR atualizado? 

Pesquisas indicam que usar corretamente os EPI e EPC, manter distância do paciente, ficar o mínimo de tempo possível dentro da sala e fazer rodízio entre os trabalhadores, são boas práticas que garantem que a radiação ajude o paciente e minimizam a exposição do trabalhador.

Como o PGR, o PPR é um documento que deve ser revisto e atualizado periodicamente sempre que haja alterações no funcionamento da instalação ou na legislação. Além disso, o empregador deve observar as disposições estabelecidas pelas normas específicas da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.

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